quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dupla de jovens fatura R$ 2 milhões com aluguel de tablets

Guto Ramos (em pé) e Rony Breuel (sentado), sócios da BR Mobile, empresa de aluguel de tablets

  • Guto Ramos (em pé) e Rony Breuel (sentado), sócios da BR Mobile, empresa de aluguel de tablets
O que, para muitos, é um objeto de desejo virou o negócio de Guto Ramos e Rony Breuel, ambos de 26 anos, sócios da BR Mobile. Com um investimento inicial de R$ 12 mil, a dupla comprou seis tablets e começou a alugar os equipamentos para turistas, restaurantes e eventos corporativos.
Criada em maio de 2011, a empresa vai completar seu segundo ano de atividade com um faturamento anual de R$ 2 milhões. O número de tablets também cresceu e, hoje, já passa dos 400, segundo os sócios.
De acordo com Ramos, a locação de um tablet custa, em média, R$ 14,90 a diária. A maioria dos equipamentos permanece alugada todos os dias, segundo Ramos.
Para tornar a oferta mais atrativa para os clientes, diz  Ramos, a empresa também desenvolve aplicativos como cardápios digitais para bares e restaurantes.
No início, segundo o empresário, o foco do negócio era a locação de tablets para turistas. Mas a dupla percebeu que poderia lucrar mais se direcionasse os esforços para o setor de eventos corporativos.
Atualmente, a maior parte dos clientes da BR Mobile –entre eles Bradesco, Itaú, Renault e Vale–  aluga o equipamento para utilizar em congressos, seminários e lançamentos de produtos.
"Antes, as empresas tinham de comprar um ou mais tablets para usar em eventos que, às vezes, duravam um dia. Com a possibilidade de alugar, o custo para elas é bem menor", afirma Ramos.
Para se prevenir contra danos e furtos, a empresa contrata uma apólice de seguro para os aparelhos. Segundo o sócio Rony Breuel, no contrato com o cliente também é estipulada uma multa de R$ 500, caso o equipamento seja danificado ou roubado durante a locação. O valor é utilizado para pagar a franquia da seguradora, conta Ramos.
"Quando dói no bolso, o cliente fica mais cuidadoso. Ele não vai sair e deixar o equipamento jogado em qualquer lugar", afirma.
O negócio, sediado em São Paulo (SP), está em expansão. De acordo com os sócios, até o fim do primeiro semestre a empresa pretende inaugurar duas filiais, uma em Belo Horizonte (MG) e outra em Porto Alegre (RS).

Empresa do Paraná fatura R$ 15 mil por mês

Já os sócios Victor Coelho, 25, e Fernando Baggetti, 22, investiram R$ 50 mil para comprar os primeiros tablets e montar o escritório da Implement, em junho do ano passado.
A empresa curitibana aluga os aparelhos e desenvolve aplicativos para turistas, hotéis, restaurantes e também para eventos corporativos. Por mês, o negócio fatura R$ 15 mil e conta com 30 tablets. A diária de um equipamento custa R$ 17,90.
Segundo Coelho, o alto valor dos tablets é uma dificuldade para quem atua no setor. O preço de um iPad (referência de mercado) no site da Apple no Brasil varia de R$ 1.749 a R$ 2.499, dependendo da configuração.
  • Divulgação Victor Coelho, sócio da Implement, empresa de aluguel de tablets em Curitiba (PR)
O empreendedor que deseja iniciar um negócio no setor precisa de, no mínimo, cinco equipamentos, de acordo com o coordenador do curso de administração com foco em tecnologia da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Cláudio Carvajal.
"Essa quantidade possibilita que o empresário comece o negócio com pouco investimento e com equipamentos suficientes para prestar o serviço até sentir que os pedidos estão aumentando e precisa comprar mais tablets", diz Carvajal.
Para conseguir investir e ter lucro, Coelho diz que é preciso manter a maior parte dos aparelhos nas mãos dos clientes e não na sede da empresa. "Equipamento parado não gera lucro, por isso procuramos manter os tablets alugados todos os dias", diz.
O cálculo da diária, segundo Coelho, também é determinante para o bom andamento do negócio.  "O preço tem de estar adequado à realidade do cliente. Se for caro, ninguém aluga. Se for barato demais, não temos lucro", afirma.

Clientes precisam de softwares personalizados

Focar o negócio apenas no aluguel do tablet não torna a operação lucrativa, de acordo com Carvajal. Na opinião dele, a grande sacada dessas empresas foi desenvolver soluções personalizadas para os clientes, como cardápios digitais para restaurantes ou aplicativos para demonstração de produtos em eventos.
"O tablet é apenas o equipamento que permite que o cliente utilize o software. Se ele precisar do aparelho sem o programa, ele provavelmente optará por comprar e não por alugar", diz.
Segundo Carvajal, o empreendedor pode contratar uma apólice de seguro para os equipamentos e reduzir as perdas com danos e furtos. O seguro de um tablet, normalmente, tem cobertura de um ano e custa em torno de 20% do valor do aparelho.
"Os tablets são caros e muito sensíveis, por isso é interessante para o empresário ter a cobertura de uma seguradora", declara.

O UOL colocou à disposição de todos os internautas o DeclareCerto, um simulador gratuito de preparação e preenchimento da declaração do Imposto de Renda com o objetivo de orientar o contribuinte para evitar erros e conseguir obter todos os descontos possíveis, pagando menos imposto ou ganhando mais restituição, quando possível.
O sistema guia passo a passo o preenchimento da declaração, reduzindo o risco de se perder qualquer oportunidade de dedução (como gastos com empregada doméstica).

O serviço é feito a partir da visão do usuário. Por exemplo, em vez de preencher os rendimentos tributáveis, o contribuinte apenas informa se recebeu salário com carteira assinada, se tem empresa própria ou é autônomo. O sistema automaticamente separa o que é rendimento tributável ou não.

O programa da Receita Federal orienta os passos básicos apenas, como escolher entre o modelo simplificado e o completo de declaração. Mas há muito mais opções do que isso. Se as oportunidades de dedução não são preenchidas, de nada vale a simulação da Receita.

Para casais, por exemplo, há a opção de declaração em conjunto ou separada. Quem tem dependentes pode optar por incluí-los em sua declaração ou não.
Há casos em que é mais interessante que o dependente faça sua declaração separadamente, como no caso de um menor que recebe pensão judicial devido ao divórcio dos pais.

Casais com rendimentos de bens comuns (como aluguel de imóvel ou atividade rural em propriedade comum) podem dividir tais rendimentos ou têm a opção de colocá-los integralmente na declaração de um dos cônjuges.

Rendimentos atrasados, trabalhistas ou previdenciários, podem ser tributados na fonte ou não. Despesas médicas de fertilização, gravidez e parto podem ser lançadas tanto pela futura mãe quanto pelo futuro pai. As opções de declaração podem chegar a mais de 200.

O DeclareCerto analisa todas essas combinações  e apresenta o melhor jeito de fazer,  com o objetivo de conseguir o máximo possível de restituição do Imposto de Renda.

Além disso, como a legislação do Imposto de Renda é complexa, muitas pessoas caem na malha fina por desconhecimento, e não por terem tentado enganar a Receita.

O DeclareCerto faz essas simulações automaticamente. Depois, os dados preenchidos podem ser tranferidos para o programa da Receita e transmitidos pela internet.
O simulador é produzido pela DeclareCerto, fornecedora desse conteúdo para o UOL.

Advogado e promotor xingam-se de "canalha" durante júri de Bola, em Minas Gerais

O caso Bruno em fotos200 fotos

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25.abr.2013 - Américo Leal, que faz parte da equipe de Ércio Quaresma, advogado do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, participa do quarto dia do julgamento de Bola, no Fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), na manhã desta quinta-feira (25). Bola é acusado de matar, esquartejar e ocultar o corpo da modelo Eliza Samudio Washington Alves/UOL
O advogado Ércio Quaresma, defensor do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", bateu boca com o promotor Henry Castro, representante do Ministério Público (MP) durante o depoimento do ex-delegado Edson Moreira, responsável pela chefia do inquérito sobre o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos e três meses de prisão por ser o mandante do crime.
Castro pretendia indeferir as perguntas feitas por Quaresma porque, na ótica do promotor, o advogado de defesa fazia argumentações "indevidas" antes das perguntas que estava dirigindo ao ex-delegado. O promotor queria que as inquirições fossem feitas de maneira objetiva para a testemunha.
Após uma pergunta [inaudível para os presentes na sala do júri] feita por Quaresma ao ex-policial, o promotor tomou a palavra, exaltado, e disse que o advogado estava tendo uma atitude canalha. Em resposta, foi também chamado de "canalha". "Você que é o canalha, e eu vou provar", retrucou Quaresma.
O clima esquentou e foi preciso a intervenção da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, que ameaçou suspender o depoimento do ex-delegado. O julgamento de Bola entrou no quarto dia com a retomada do depoimento de Moreira.
Mais cedo, Quaresma teria insinuado que o MP investiga, de maneira sigilosa, a sua suposta participação no caso. Castro tomou a palavra e afirmou nunca ter dito que Quaresma era alvo de investigação, "mas se a carapuça lhe servir, é problema do senhor", disse Castro.
Em troca, Quaresma afirmou que, na hipótese de o promotor ter alguma investigação em curso contra ele, "vai cair de quatro".

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Saiba como otimizar o tempo no trabalho


A capacidade de produzir adequadamente dentro do expediente de trabalho evitando horas extras desnecessárias é tratada pelas empresas como um grande diferencial dos colaboradores. É o que afirma o diretor executivo da Innovia Training & Consulting Ricardo Barbosa.
 
"A pressão do mercado para produzir mais, com menor custo e tempo, reforçam a necessidade de gestão do tempo para garantir lucratividade, empregos bons e estáveis com qualidade de vida", explica.
 
O executivo lista alguns pontos que dificultam ou impedem o profissional de se adequar a esta demanda: ausência de foco, falta de concentração, ausência de planejamento, acomodação, procrastinação e se tornar refém de ferramentas tecnológicas (e-mail e telefone celular, por exemplo).
Por outro lado Ricardo reforça que isso não significa que o colaborador não tem direito de descansar e que o chefe deve ser carrasco. "O descanso é fundamental para ser produtivo. Nenhum profissional produz 100% do seu tempo”, diz.
 
Ricardo sugere a técnica do “quadrante do tempo” que consiste em separar as atividades por prioridade: crises (importante e urgente), urgências (urgente, mas não importante), planejamento (importante, mas não urgente) e rotina (nem importante e nem urgente).
 
"Estabelecendo bem esta relação com o tempo, a pessoa terá muito mais tempo para sua vida pessoal. Quando planejamos nossas atividades, conseguimos ser produtivos”, afirma.
 

Uma coisa de cada vez

Dicas para otimizar seu tempo

- Estabeleça prioridades;
- Discipline reuniões;
- Estabeleça horários para conversas;
- Crie condutas para uso de  telefone e eletrônicos;
- Classifique atividades importantes e urgentes;
- Evite o acúmulo de funções.
Ricardo Barbosa, diretor executivo da Innovia Training & Consulting
 
Para Christian Barbosa, especialista em gerenciamento do tempo e produtividade pessoal e autor do livro “Equilíbrio e Resultado” (editora Sextante), o grande problema a ser solucionado, independentemente da técnica que se utilize, é conseguir focar uma tarefa por vez em ambientes corporativos que exigem profissionais de perfil multifuncional. “É o segredo básico da gestão do tempo”, afirma.
 
O mais importante deles é o planejamento das atividades a serem realizadas. “Adote uma agenda onde listará tudo o que precisa ser feito em determinado dia”, orienta. “Dê uma ordem sequencial e numérica às tarefas e faça apenas o que estiver na lista. Se surgir uma demanda emergencial, inclua-a e reordene a relação.”
 
Parece fácil. Mas, para a técnica não desandar, será necessária uma boa dose de disciplina de quem irá executá-la. “É preciso acalmar a mente para não cair no erro de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.”


Afrouxando as algemas, o presídio de baixa-segurança da ilha de Bastoy, na Noruega, conseguiu alcançar a menor taxa de reincidência criminal do mundo



Na prisão de Bastoy, os apenados saem de seus quartos (e não celas) para ir à igreja; tudo isso sem algemas
À disposição dos 120 moradores da ilha norueguesa de Bastoy, há quadra de tênis, campo de futebol, saunas, câmara de bronzeamento artificial, sala de cinema, estúdio musical e uma biblioteca. Os quartos são mobiliados e equipados com TV a cabo. O trabalho na fazenda, na colheita, na lavanderia, na balsa ou na pesca rende cerca de 57 coroas norueguesas (ou 20 reais) por dia para cada um. Ao contrário do que se imagina, no presídio com a menor taxa de reincidência da Europa não há celas, armas, cassetetes ou câmeras de monitoramento; apenas uma regra: nada de álcool, drogas e violência.
Bastoy é um dos únicos quatro presídios de baixa-segurança do mundo. Na ilha, os apenados — que durante as noites têm apenas cinco guardas para vigiá-los — fazem tudo do que a criminologia moderna os privou. Os ex-assassinos, ex-ladrões e ex-traficantes trabalham, estudam, se divertem, se exercitam e tomam sol. Aqui, o prefixo “ex” não é por mera generosidade, e sim pela baixíssima taxa de reincidência criminal. Apenas 16% dos que cumpriram pena em Bastoy voltam ao crime; no Brasil, o índice supera os 70%. O êxito do “corretivo” aplicado na ilha já faz com que a Noruega pense em expandir o modelo, iniciativa que causa arrepios nos penalistas mais rígidos e revanchistas.
Leia também:
EUA: menores em prisão perpétua são negros, pobres e vítimas de violência

Único presídio-ilha da Noruega, Bastoy e está a alguns quilômetros do continente e abriga 120 presos
“Bastoy faz exatamente o oposto dos presídios convencionais, onde os presos são trancafiados sem qualquer tipo de responsabilidade pessoal, alimentados e tratados como animais”, diz o diretor da prisão. No cargo desde 2007, o psicoterapeuta (especializado na escola da Gestalt) Arne Nilsen já trabalhou em presídios ingleses e passou mais de dez anos no Ministério da Justiça norueguês antes de mudar-se para a ilha. Para ele, é preciso olhar as punições com um sentimento menos vingativo e repressor. “Privar uma pessoa da sua liberdade por um certo período já é um castigo suficiente em si, sem que seja necessário precarizar as condições do presídio”, disse Nilsen, ao jornal inglês The Daily Mail.
Ao contrário dos modelos mais rígidos, o sistema penal norueguês não prevê nem pena de morte nem prisão perpétua, e o tempo máximo que um cidadão pode passar na cadeia é de 21 anos (no Brasil, são 30). Assim, a sociedade norueguesa é obrigada a se conformar com o fato de que a maioria dos prisioneiros, por mais hediondos que tenham sido seus crimes, vai ser libertada mais dia, menos dia.
Além de exercitar a convivência social dos condenados, as tarefas de trabalho também ajudam a gerir o modelo de negócios da ilha. “Bastoy é na verdade a prisão mais barata da Noruega”, defende Nilsen. Com a força de trabalho dos presos, Bastoy precisa contratar menos funcionários e ainda assim consegue produzir parte da sua comida e do seu combustível. Para ajudar a fechar as contas, medidas “sustentáveis” como o uso de energia solar e restrição da circulação de automóveis diminuem os custos.
No vídeo abaixo, em noruguês, conheça um pouco mais de Bastoy:
Rotina
Bjorn Andersen é um sociólogo e pesquisador de 52 anos que chegou a Bastoy após passar três anos em um presídio comum, condenado por tentativa de homicídio. Casado há mais de duas décadas e pai de cinco filhos, Andersen agrediu a esposa, após ouvir que ela havia comprado um apartamento e estava para fazer a mudança. “Eu surtei e a ataquei”, diz ele, balançando a cabeça.
De segunda a sexta-feira, Andersen é responsável por acordar tomar café e embalar o seu almoço, antes das 8h30, horário em que entra no trabalho. Como os presos, ele é liberado às 14h30 e o “jantar” é servido logo em seguida. A partir daí, todos têm até as 23h para fazer o que bem entenderem. Andersen aproveita para terminar a dissertação que estava concluindo antes de ser preso.

A casa acima abriga a biblioteca da ilha; das 15h às 23h presos podem consultar o acervo e fazer outras atividades
Entre os 70 funcionários (35 guardas) que compõem a equipe, Bastoy oferece aos presos enfermeira, dentista, fisioterapeuta e uma creche para crianças. Pelo menos uma vez por semana, todos podem receber uma visita de até três horas. “Encontros íntimos” também são permitidos e prisioneiros com filhos pequenos podem passar um dia inteiro com suas namoradas e companheiras.
As restrições ao álcool, às drogas e às condutas violentas são claras e inflexíveis. Se alguém quebrar as regras, Bastoy conta com duas celas escondidas e fechadas, com portas de ferro e sem janela especialmente para os infratores aguardarem a transferência de volta para os presídios comuns. Segundo um dos presos, já faz mais de dois anos desde que foi habitada pela última vez, quando um dos condenados foi pego com bebida no quarto.

Internet já abocanha nos EUA mercado da TV paga

Internet já abocanha nos EUA mercado da TV paga

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NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO
O Netflix, serviço de filmes e programas via internet, de baixo custo, retomou ontem sua trajetória de principal ameaça à televisão.
Com a divulgação do balanço do primeiro trimestre, suas ações voltaram a ser negociadas em Nova York acima de US$ 200 pela primeira vez desde 2011, quando sofreu uma crise de confiança junto aos assinantes.
No balanço, o Netflix informou ter aumentado em 2 milhões o número de assinantes nos Estados Unidos, totalizando 29,2 milhões.
Segundo analistas do setor ouvidos por "Variety" e "New York Times", conseguiu deixar para trás na liderança a HBO, serviço de filmes e programas via TV paga, por cerca de 500 mil assinantes.
Fora dos EUA, o Nérolis elevou o número de assinaturas em 1 milhão, para 7,1 milhões. Nesse âmbito, porém, a HBO é 16 vezes maior.
Em entrevista à revista "GQ" de janeiro, o diretor de conteúdo do Netflix já dizia que "o objetivo é se tornar a HBO antes que a HBO possa se tornar Netflix".
NO BRASIL, AUMENTO
A única menção do relatório à operação brasileira foi quanto ao reajuste "modesto" na assinatura mensal, de R$ 15 para R$ 17, já anunciado aos clientes.
A justificativa, segundo o fundador e presidente-executivo, Reed Hastings, é recuperar a inflação acumulada desde o lançamento no país, há um ano e meio.
O balanço não detalha resultados financeiros ou de penetração no Brasil ou qualquer outro país, fora os EUA.
E o único dado de audiência foi global e aproximado: seus quase 36 milhões de assinantes digitais assistiram a um total de 4 bilhões de horas de programação via internet, no primeiro trimestre.
Além do serviço on-line, o Netflix ainda mantém nos EUA a entrega de DVDs por correio, origem do negócio, mas hoje inexpressiva. Foi justamente a tentativa frustrada de isolar os DVDs em empresa à parte que levou à crise de confiança de 2011.
CASTELO DE CARTAS
Lançada em fevereiro, com direção de David Fincher e protagonizada por Kevin Spacey, a série "House of Cards" (castelo de cartas) foi o destaque de Hastings ao apresentar o relatório.
Primeiro investimento de peso do Netflix em conteúdo, a série trouxe para todo o serviço, segundo seu fundador, "um efeito de halo" (percepção favorável) mundo afora.
"O alto nível de satisfação indica que somos capazes de usar os dados e focar a nossa audiência tão bem quanto a TV aberta e fechada", disse Reed Hastings.

Editoria de Arte/Folhapress

Funcionário vive sem folgas desde 2011 para ajudar imigrantes no Acre




No abrigo para imigrantes em Brasileia, município de 20 mil habitantes perto da fronteira do Brasil com a Bolívia e o Peru, o coordenador da secretaria de Direitos Humanos do Acre, Damião Borges, tirava dúvidas de um grupo de haitianos quando avistou uma mulher que caminhava com dificuldade.

Com as pernas inchadas e uma barriga de oito meses de gravidez, a jovem haitiana tinha acabado de atravessar a fronteira a pé, por um longo trecho de floresta amazônica. Na rota, traçada por agentes que transportam imigrantes sem vistos, buscava evitar que policiais a apanhassem.

Damião lhe assegurou que médicos da cidade a tratariam com atenção especial. Três semanas depois, quando a jovem deu à luz uma bebê saudável, ele sugeriu batizá-la de Vitória. A mãe aceitou. "Vitória porque aquele parto foi uma vitória da vida", diz Damião à BBC Brasil.

Ao narrar a história, ocorrida em 2011, ele se recorda das dificuldades enfrentadas pelos primeiros haitianos a cruzar a fronteira. Até então um funcionário da secretaria estadual de Esportes em Brasileia, município onde nasceu há 53 anos, Damião tinha uma rotina pacata só alterada pelo agito dos campeonatos estudantis que organizava anualmente.
Mas, no fim de 2010, quando centenas de haitianos passaram a chegar após o terremoto que devastou o país caribenho naquele ano, o governo estadual o incumbiu de coordenar a assistência humanitária aos imigrantes.
Sozinho, ele agia em várias frentes: recebia e cadastrava os estrangeiros, orientava-os sobre os trâmites do visto, recolhia seus documentos, comprava remédios, organizava a distribuição de comida e gerenciava o abrigo onde dormiam. "Virei cem em um."

Para se comunicar com o grupo, passou a contar com alguns imigrantes que, além de creole, também falavam espanhol. O trabalho que ele pensava ser temporário, porém, jamais foi interrompido: desde então, o fluxo de imigrantes em Brasileia só cresceu, assim como suas responsabilidades.

Sem fim de semana

Damião hoje trabalha de segunda a segunda. "Faz dois anos e meio que não sei o que é sábado, domingo, Semana Santa, nada".

Em dias calmos, inicia as atividades às 7h30 e as encerra por volta das 19h. Quando as tarefas se acumulam, chega ao abrigo por volta das 6h e só o deixa tarde da noite. Não raro, é despertado de madrugada para lidar com emergências.

Pai de um filho de 19 anos, separou-se da esposa alguns anos antes da chegada dos imigrantes. Com o ritmo de trabalho atual, diz que procurar uma namorada se tornou "praticamente impossível" e que, com frequência, passa até cinco dias sem visitar a mãe de 80 anos, que mora em frente à sua casa.

No abrigo, um antigo ginásio esportivo, é abordado o tempo todo por imigrantes, que pedem soluções aos mais diversos problemas - o visto que demora a sair, um bêbado que arranja confusão, a comida servida crua, a falta de dinheiro para telefonar à família.

Encerra boa parte dos diálogos com a mesma frase: "Tenha paciência que você vai vencer."

Às vezes, irrita-se com a insistência de alguns, enrijece os ombros e os deixa falando sozinhos, rumo à pendência seguinte.

Risco de brigas e epidemias

Na semana em que a BBC Brasil permaneceu em Brasileia, no início do mês, Damião coordenava uma reforma no abrigo para ampliá-lo e dotá-lo de mais banheiros. O alojamento, com capacidade ideal para 200 pessoas, chegou a abrigar quase 1,4 mil naqueles dias.

A superlotação, causada tanto pelo aumento no fluxo de imigrantes quanto pela redução no ritmo da emissão de vistos pela Polícia Federal, fez o governo do Acre decretar estado de emergência em Brasileia e na cidade vizinha de Epitaciolândia.

Desde então, o governo federal se comprometeu a acelerar os vistos e a cobrir os gastos com a assistência aos imigrantes. Damião torce para que as medidas ponham fim a um dos momentos mais duros que já enfrentou.

Ele temia que as condições no abrigo resultassem em uma epidemia ou em conflitos entre imigrantes de nacionalidades distintas. Diferentemente das primeiras levas de estrangeiros a chegar a Brasileia, formadas apenas por haitianos, as últimas incluem indivíduos de outros sete países.

Com 74 integrantes, o grupo de senegaleses é o segundo mais numeroso no abrigo. Damião notou que os africanos se negavam a se misturar aos haitianos, que se amontoam à espera das três quentinhas diárias. Com isso, ficavam sem comer.

Ele então separou a entrega de refeições aos dois grupos. A tensão se dissipou.

A comida - ou a falta dela - já provocara nervosismo em outro momento. De setembro de 2012 a março de 2013, o governo estadual suspendeu as refeições gratuitas por falta de verbas.

"Eu saía pedindo doações aos empresários e ia para o supermercado comprar óleo e carvão", conta. Naqueles tempos, diz Damião, quem não podia comprar comida fora do abrigo passou fome. Certo dia, ele soube que, no desespero, alguns haitianos mataram um gato. "Assaram e comeram o bicho."

Serviços de RH

Conforme notícias sobre o surto migratório na região se espalhavam, Damião passou a ser contatado por empresas de todo o país. Após contratações bem-sucedidas, algumas companhias passaram a deixar em suas mãos a seleção de novos trabalhadores.

Dos cerca de 6,5 mil haitianos que entraram no país por Brasileia, o governo estima que 4,3 mil deixaram a cidade já contratados, muitos em triagens organizadas por Damião.

Às vezes, diz ele, imigrantes espalhados pelo país lhe telefonam para reclamar dos descontos obrigatórios nos salários. Muitos contam com o ordenado para pagar as dívidas que fizeram para migrar, manter-se no país e sustentar parentes no Haiti.

Mas a maioria dos imigrantes que o procura após deixar Brasileia tem boas notícias a compartilhar. Em março de 2012, quando uma cheia deixou sua casa submersa por seis dias, uma ligação o surpreendeu.

Haitianos que ele ajudara a empregar em Rondônia souberam da enchente pela TV e fizeram uma vaquinha para cobrir seus prejuízos. "Agradeci muito, mas pedi que mandassem o dinheiro para os parentes no Haiti, que estavam mais necessitados do que eu."

O governo do Acre também expressou gratidão pelos serviços do funcionário. Num evento em Brasileia no início do mês, o secretário de Direitos Humanos do Estado, Nilson Mourão, chamou-o ao palco para uma homenagem. Logo após pegar o microfone, Damião começou a chorar.

Recomposto, disse encarar o trabalho como uma missão divina. "Todos os dias agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de ajudar essas pessoas."

Ele, que se define como um católico não-praticante, diz que sua "vida espiritual melhorou muito" nos últimos anos e que aprende muito com os imigrantes. "Tenho momentos de raiva, às vezes falo forte, mas quem diria que um dia eu ia mexer com oito culturas diferentes?"

Gravidez de risco

Em novembro de 2012, Damião outra vez se deparou com uma grávida que precisava de cuidados especiais. A haitiana viajava sozinha e não tinha ninguém para ajudá-la no abrigo. Damião acompanhou a gravidez e coletou fraldas para o bebê entre vizinhos.

"Fiz de tudo para não faltar nada para eles", conta.

Meses depois, quando ela deu à luz um menino saudável no hospital de Brasileia, Damião voltou a propor um nome para o batismo: Mateus. Dessa vez, porém, a mulher rejeitou a sugestão.

Damião conta que, rodeada por 20 haitianos que a visitavam após o parto, a mãe justificou a escolha: "Ela disse: 'Mateus, não! Ele vai se chamar Damião, porque você foi como um pai para nós'."

Surpresos, os haitianos aplaudiram a decisão, e Damião, outra vez, chorou. O pequeno Damião Oriel vive há cinco meses com a mãe em Porto Velho.

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