terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Decreto obrigava boate Kiss a ter duas saídas; casa estava em situação ilegal Comente



A boate Kiss em Santa Maria (RS), onde 234 jovens morreram após um incêndio na madrugada de domingo (27), nunca deveria ter aberto as portas. Um decreto estadual de 1998, válido em todo o território do Rio Grande do Sul, obriga casas noturnas construídas em casas térreas a terem ao menos duas saídas, sendo uma de emergência, em lados opostos do imóvel. O estabelecimento tinha apenas uma porta que funcionava como entrada e saída, o que dificultou a saída dos clientes quando o fogo começou e obrigou os bombeiros a abrirem um buraco na parede externa para auxiliar no salvamento.
  • Na norma da ABNT, F-6 corresponde a casas noturnas, e o número 2 indica a quantidade de saídas necessárias
Esta lei afirma que a resolução da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) sobre saídas de emergência deve ser cumprida. "A norma 9077 da ABNT prevê ao menos duas saídas para casas noturnas e boates", afirma José Carlos Tomina, superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndios da ABNT e pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). "Isso independe do tamanho da casa ou da capacidade."
Segundo o Corpo de Bombeiros, o alvará da casa estava vencido, mas, como os proprietários já tinham entrado com pedido de renovação, a Kiss continuou funcionando.
Procurados pela reportagem, nenhum assessor dos bombeiros foi localizado para comentar a aprovação do plano de prevenção sem as saídas obrigatórias por lei.

Entenda o caso

O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27) na boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). Ao todo, 234 pessoas morreram e mais de cem permanecem internadas em hospitais da cidade e de Porto Alegre, ao menos 75 delas em estado grave com risco de morte.
  • Veja a lista com 231 nomes de mortos na boate
  • "Uma menina morreu em meus braços. Senti seu coração parar de bater"; veja os relatos
A grande maioria das pessoas que estavam na festa, promovida por alunos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), morreu asfixiada. Muitos foram encontrados amontoados nos banheiros, onde tentavam fugir do fogo. Segundo testemunho dos sobreviventes, antes de perceberem o incêndio, os seguranças teriam impedido os jovens de saírem sem pagar.
No local, havia apenas uma porta, que funcionava como a única passagem de entrada e saída da boate. Bombeiros e sobreviventes quebraram a fachada da casa noturna a marretadas para retirar as pessoas. 
A boate Kiss, com capacidade para até mil pessoas, recebeu entre 600 e mil no dia do incêndio, de acordo com a polícia, que também informou que o alvará de funcionamento do local estava vencido desde agosto passado.
O fogo teria começado na espuma de isolamento acústico da boate, após um integrante da banda Gurizada Fandangueira manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciaram as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou.
As apurações preliminares indicam que foram usados três sinalizadores durante a festa: dois no chão e um no alto, virado em direção ao teto. Mas nenhuma das pessoas ouvidas até esta segunda-feira (28) assumiu ter usado um sinalizador.
A Justiça decretou a prisão preventiva de dois músicos da banda Gurizada Fandangueira --o  vocalista Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Leão--, bem como dos empresários Mauro Hoffman e Elissandro Spohr, apontados como donos da casa noturna. 
As prisões foram motivadas por indícios de que eles estariam prejudicando as investigações com o desaparecimento ou com a manipulação de provas. A informação é da promotora criminal Waleska Flores Agostini, representante do Ministério Público na investigação do caso, que disse que o aparente sumiço de imagens do circuito interno de câmeras da boate caracterizaria obstrução.
Os bens dos donos da boate Kiss também foram boqueados, a partir da autorização do juiz plantonista do Fórum de Santa Maria (RS), Afif Simões Neto. Ele deferiu o pedido da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, que também abrange eventuais bens registrados em nome da boate como pessoa jurídica.


Milhares vão às ruas de Santa Maria em homenagem às vítimas 29.jan.2013 - Milhares de pessoas fizeram uma caminhada pelas ruas de Santa Maria na noite desta segunda-feir
  • Arte UOL

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Após Ano-Novo, brasileiros terão apenas 5 feriados nacionais em dias da semana neste ano

Depois de um 2012 cheio de folgas, após o Ano-Novo, os trabalhadores terão um 2013 com apenas cinco feriados nacionais em dias da semana, contra sete do ano que acaba de passar.

Após o Carnaval (que não é feriado nacional), apenas Paixão de Cristo, Dia do Trabalho, Corpus Christi, Proclamação da República e Natal cairão em dias de semana.

Ao todo, 2013 terá 255 dias úteis, três a mais do que o ano que passou. Os meses de julho e outubro serão os "mais longos", com 23 dias de trabalho, enquanto fevereiro, março, junho e novembro, com 20, serão os "mais curtos".

O primeiro feriado depois do Carnaval será a Paixão de Cristo, no dia 29 de março, uma sexta-feira. Em abril, o Dia de Tiradentes, 21, cairá em um domingo. O feriado seguinte será o Dia do Trabalho, 1º de maio, uma quarta-feira.
Data Feriado Dia da semana
29 de março Paixão de Cristo sexta-feira
21 de abril Tiradentes domingo
1º de maio Dia do Trabalho quarta-feira
30 de maio Corpus Christi quinta-feira
7 de setembro Independência do Brasil sábado
12 de outubro Nossa Senhora Aparecida sábado
2 de novembro Finados sábado
15 de novembro Proclamação da República sexta-feira
25 de dezembro Natal quarta-feira
Corpus Christi cairá no dia 30 de maio, uma quinta-feira, e será a única folga que poderá ser prolongada. A Independência do Brasil, em 7 de setembro, cairá em um sábado, assim como o Dia de Nossa Senhora de Aparecida, 12 de outubro, e o feriado de Finados, 2 de novembro. Depois de tantos feriados em fins de semana, a Proclamação da República, em 15 de novembro, chega como um prêmio de consolação antes do Natal e cai em uma sexta-feira.

Para engordar a lista

Se os feriados nacionais não darão folgas prolongadas aos trabalhadores, os municipais e estaduais podem ajudá-los neste ano. Em São Paulo, há os dias 25 de janeiro, uma sexta-feira, que celebra o aniversário da cidade; 9 de julho, uma terça-feira, da Revolução Constitucionalista de 1932; e 20 de novembro, quarta-feira, que comemora o Dia da Consciência Negra, para descansar.

Já no Rio de Janeiro, o Dia de São Sebastião, padroeiro da cidade, cairá em um domingo, 20 de janeiro. Sobram para os cariocas, os feriados de 23 de abril, uma terça-feira, Dia de São Jorge, e 20 de novembro, uma quarta-feira, Dia da Consciência Negra.

Em Belo Horizonte, os mineiros terão folga apenas na quinta-feira, dia 15 de agosto, no feriado de Assunção de Nossa Senhora. Oito de dezembro, Dia de Imaculada Conceição, vai cair em um domingo.

No Nordeste, Salvador terá dois dias de folga: 24 de junho, uma segunda-feira, dia de São João; e 2 de julho, Independência da Bahia, uma terça-feira. O feriado de Nossa Senhora da Conceição da Praia, 8 de dezembro, cairá em um domingo.

No Recife, as folgas serão maiores do que na capital baiana. Além dos dias de São João e de Nossa Senhora da Conceição da Praia, a terra do frevo terá para folgar os dias 6 de março, data em que se comemora a Revolução Pernambucana, uma quarta-feira; e 16 de julho, Dia de Nossa Senhora do Carmo, uma terça-feira.

Os moradores de Brasília terão menos sorte em 2013. A capital federal terá dois feriados e ambos caindo em fins de semana. A data em que se comemora a fundação da capital brasileira, 21 de abril, será um domingo, e 30 de novembro, Dia do Evangélico, um sábado.

No Sul, Porto Alegre terá o aniversário da cidade, 26 de março, uma terça-feira, e o Dia da Revolução Farroupilha, 20 de setembro, uma sexta-feira, de feriados em dias úteis. Dois de fevereiro, data de Nossa Senhora dos Navegantes, cairá em um sábado.

O Brasil é o oitavo no ranking dos países que têm mais folgas, ao lado de Polônia, Cingapura, França, Suécia, Itália, Nova Zelândia, China e Paquistão: são 11 feriados nacionais no total.
De acordo com a consultoria Mercer, a Colômbia é o país com mais folgas oficiais no mundo: 18 no total. Líbano, Índia, Tailândia vêm na segunda colocação com 16, cada um, e Japão e Coreia do Sul estão em empatados em terceiro, com 15.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Pesquisa aborda a origem do conforto

O sofá é uma invenção burguesa. Assim como o são os banheiros privativos com descarga e os quartos de dormir.
No livro "O Século do Conforto - Quando os Parisienses Descobriram o Casual e Criaram o Lar Moderno", a escritora Joan DeJean conta como essas criações entraram para o cotidiano das pessoas e de que forma ajudaram a modificar as relações sociais e o conceito de privacidade.

Divulgação
Tela do pintor François Gerard retratando senhora da alta sociedade francesa em seu sofá
Tela do pintor François Gerard retratando senhora da alta sociedade francesa em seu sofá
Entre 1670 e 1765, Paris liderou a escalada do conforto, segundo a pesquisa feita por de DeJean.
E a ideia de uma casa que oferecesse ambientes menos duros, mais adequados à conversa e a momentos de descanso, diversão e sedução se desenvolveu sobretudo graças à influência de duas amantes do luxo.
E essas senhoras que amavam o luxo eram também amantes de reis.
A marquesa de Maintenon, que tinha um caso com Luís 14, e a marquesa de Pompadour, a "outra" de Luís 15, botaram os arquitetos e designers para trabalhar e deram um novo significado à ideia de decoração.
Lançaram moda, por assim dizer, já que a tendência foi logo abraçada e amplamente difundida pelas mulheres de nobres e negociantes endinheirados da época.
Um dos mais célebres ancestrais do sofá como o conhecemos hoje, por exemplo, foi criado em 1671 para o palacete da marquesa de Montespan. Ela, que um dia fora governanta da malvada e pérfida Maintenon, se tornou a amante predileta do reconhecidamente infiel Luís 14.
SEDUÇÃO
A ilustração mais antiga de um sofá próximo dos moldes atuais, porém, só apareceu em um anúncio de mobiliário datado de 1686.
Interessante notar como na costura de DeJean a privacidade aparece ao mesmo tempo como necessidade e luxo.
Os reis, sobretudo Luís 15, responsável por uma das mais significativas reformas empreendidas no palácio de Versalhes (criando cômodos "secretos" e instalando encanamentos, por exemplo), queriam um espaço para realizar atividades não públicas. Ou seja, que dispensassem os protocolos reais que pautavam o comportamento da classe alta da época.
Os interesses das amantes, por sua vez, eram outros.
Elas desejavam embelezar e tornar mais confortáveis os seus espaços de sedução.
O sofá, por exemplo, era o lugar perfeito para que duas criaturas sentassem lado a lado, numa proximidade que estava entre a abordagem pública e as intimidades típicas da alcova.
Centenas de quadros do período retratam senhoras e senhores languidamente esparramados nos seus elegantes "móveis de sentar".
DUCHAS E DESCARGAS
Noutra ponta dessa evolução, a chegada da água corrente permitiu o surgimento de objetos e engrenagens como duchas e descargas.
Foi o que transformou o banho de simples procedimento higiênico periódico em experiência prazerosa.
Além de "enfeitar" a tarefa de despachar dejetos com o mínimo de contato.
Entre curiosidades e conexões históricas bem sacadas, Dejean destaca ainda a gênese do que se conhece hoje como moda parisiense, a mais influente do mundo.
Para aproveitar esses espaços de conforto, as burguesas afrouxaram os vestidos, abandonaram os corpetes e criaram modelos informais.
As peças eram considerados ousadas porque, apesar das matérias-primas luxuosos, tinham a aparência de roupas de dormir ou trajes das classes inferiores.
Nascia ali, entre sofás e flertes, a moda casual.

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