quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

"Ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa", diz psicanalista

Você sente calafrios só de pensar que não tem domínio sobre a vida sexual do seu parceiro ou parceira? Segundo a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, acreditar que é possível controlar o desejo de alguém é apenas uma das mentiras do amor romântico.

"É comum alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado", afirma ela, que lançou recentemente  "O Livro do amor" (Ed. Best Seller). Dividida em dois volumes ("Da Pré-História à Renascença" e "Do Iluminismo à Atualidade"), a obra traz a trajetória do amor e do sexo no Ocidente da Pré-História ao século 21 e exigiu cinco anos de pesquisas.

Regina, que é consultora do programa "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda Lima na Rede Globo, acredita que, na segunda metade deste século, muita coisa ainda vai mudar: "Ter vários parceiros será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem", diz ela. Leia a entrevista concedida pela psicanalista ao BLOG Comportamento.

  BLOG Comportamento: Na sua pesquisa para escrever "O Livro do Amor", o que você encontrou de mais bonito e de mais feio sobre o amor?
Regina Navarro Lins: Embora "O Livro do Amor" não trate do amor pela humanidade, e sim do amor que pode existir entre um homem e uma mulher, ou entre dois homens ou duas mulheres, a primeira manifestação de amor humano é muito interessante. Ela ocorreu há aproximadamente 50 mil anos, quando passaram a enterrar os mortos –coisa que não ocorria até então– e a ornamentar os túmulos com flores. O que encontrei de mais feio no amor foi a opressão da mulher e a repressão da sexualidade. 
 
UOL Comportamento: Como você imagina a humanidade na segunda metade deste século?
Regina: Os modelos tradicionais de amor e sexo não estão dando mais respostas satisfatórias e isso abre um espaço para cada um escolher sua forma de viver. Quem quiser ficar 40 anos com uma única pessoa, fazendo sexo só com ela, tudo bem. Mas ter vários parceiros também será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem. Na segunda metade do século 21, provavelmente, as pessoas viverão o amor e o sexo bem melhor do que vivem hoje.
 
  BLOG Comportamento: Você fala sobre as mentiras do amor romântico. Quais são elas?
Regina: O amor é uma construção social; em cada época se apresenta de uma forma. O amor romântico, que só entrou no casamento a partir do século 20, e pelo qual a maioria de homens e mulheres do Ocidente tanto anseia, não é construído na relação com a pessoa real, que está ao lado, e sim com a que se inventa de acordo com as próprias necessidades.

Esse tipo de amor é calcado na idealização do outro e prega a fusão total entre os amantes, com a ideia de que os dois se transformarão num só. Contém a ideia de que os amados se completam, nada mais lhes faltando; que o amado é a única fonte de interesse do outro (é por isso que muitos abandonam os amigos quando começam a namorar); que cada um terá todas as suas necessidades satisfeitas pelo amado, que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, que quem ama não sente desejo sexual por mais ninguém.
 
  • Divulgação "O Livro do Amor" (ed. Best Seller) é dividido em dois volumes: "Da Pré-História à Renascença" e "Do Iluminismo à Atualidade"
A questão é que ele não se sustenta na convivência cotidiana, porque você é obrigado a enxergar o outro com aspectos que lhe desagradam. Não dá mais para manter a idealização. Aí surge o desencanto, o ressentimento e a mágoa.

  BLOG Comportamento:  Por que você diz que o amor romântico está dando sinais de sair de cena?
Regina: A busca da individualidade caracteriza a época em que vivemos; nunca homens e mulheres se aventuraram com tanta coragem em busca de novas descobertas, só que, desta vez, para dentro de si mesmos. Cada um quer saber quais são suas possibilidades, desenvolver seu potencial.

O amor romântico propõe o oposto disso, pois prega a fusão de duas pessoas. Ele então começa a deixar de ser atraente. Ao sair de cena está levando sua principal característica: a exigência de exclusividade. Sem a ideia de encontrar alguém que te complete, abre-se um espaço para outros tipos de relacionamento, com a possibilidade de amar mais de uma pessoa de cada vez. 
 
  BLOG Comportamento: E como fica o casamento?
Regina: É provável que o modelo de casamento que conhecemos seja radicalmente modificado. A cobrança de exclusividade sexual deve deixar de existir. Acredito que, daqui a algumas décadas, menos pessoas estarão dispostas a se fechar numa relação a dois e se tornará comum ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida pode vir a se tornar coisa do passado.  
 
  BLOG Comportamento: Só de pensar na possibilidade de ter um relacionamento em que a monogamia não é uma regra, muitos casais têm calafrios. Por que?
Regina: Reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. W.Reich [psicanalista austríaco] afirma que todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual.

Pesquisando o que estudiosos do tema pensam sobre as motivações que levam a uma relação extraconjugal na nossa cultura, fiquei bastante surpresa. As mais diversas justificativas apontam sempre para problemas emocionais, insatisfação ou infelicidade na vida a dois. Não li em quase nenhum lugar o que me parece mais óbvio: embora haja insatisfação na maioria dos casamentos, as relações extraconjugais ocorrem principalmente porque as pessoas gostam de variar. As pessoas podem ter relações extraconjugais e, mesmo assim, ter um casamento satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual.
 
A exclusividade sexual é a grande preocupação de homens e mulheres. Mas ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas: Sinto-me amado(a)? Sinto-me desejado(a)? Se a resposta for "sim" para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito. Sem dúvida as pessoas viveriam bem mais satisfeitas. 
 
  BLOG Comportamento: Como as pessoas poderiam viver melhor no amor e no sexo?
Regina: Para haver chance de se viver a dois sem tantas limitações, homens e mulheres precisam efetuar grandes mudanças na maneira de pensar e de viver.

Acredito que para uma relação a dois valer a pena, alguns fatores são primordiais: total respeito ao outro e ao seu jeito de ser, suas ideias e suas escolhas; nenhuma possessividade ou manifestação de ciúme que possa limitar a vida do parceiro; poder ter amigos e programas em separado; nenhum controle da vida sexual do parceiro, mesmo porque é um assunto que só diz respeito à própria pessoa. 
 
Poucos concordam com essas ideias, pois é comum se alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado. A questão é que não é tão simples. Para viver bem é preciso ter coragem.

Mulheres também são responsáveis pela perpetuação do machismo



Censurar outra mulher por ela ter uma postura mais liberal em relação a seu corpo, educar meninos e meninas de forma diferente, depender de um homem para se sentir plenamente feliz... Mesmo sem se dar conta, muitas mulheres têm atitudes como essas e, com isso, colaboram para a perpetuação do machismo. 
Gustavo Venturi, professor do departamento de Sociologia da USP (Universidade de São Paulo), explica que fenômenos como o machismo e outros tipos de discriminação só existem na medida em que os oprimidos incorporam os valores dos opressores. "Você tem uma naturalização dos valores dominantes que faz com que muitas pessoas reproduzam, até de forma inconsciente, a ideologia da qual são vítimas". 
De acordo com Tica Moreno, socióloga da Sempreviva Organização Feminista, o machismo é estrutural na sociedade. "Estamos falando de uma opressão que é histórica. E existe, sim, uma introjeção do machismo nas mulheres e isso é um dos mecanismos de sua manutenção", diz.
 

Educar para mudar


"Muitas mães educam seus filhos perpetuando o machismo. Educam homens e mulheres de formas completamente diferentes. O homem pode sair, pode variar de parceira, pode fazer sexo assim que conhece alguém. A mulher, não", diz a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins. "É muito importante que as mães repensem a educação das crianças", diz ela. 
 
Tica aponta outra característica sobre a forma como as crianças são criadas: os homens não são educados para fazer o trabalho doméstico. Segundo ela, para o movimento feminista, é na divisão de tarefas domésticas que está a base de sustentação do machismo: "Essa dinâmica da divisão sexual do trabalho que sobrecarrega as mulheres em casa é a mais difícil de romper. Para nós, essa é a questão fundamental da opressão". 
 
Gustavo conta que quando se pergunta se homens devem dividir melhor os trabalhos domésticos, tanto elas quanto eles concordam que sim. Mas, na prática, nada muda. "A jornada das mulheres dedicadas a estas tarefas de cuidados com a casa, crianças, idosos e enfermos é de seis a sete vezes maior do que a dos homens", afirma ele, que coordenou a pesquisa "Percepção de Ser Mulher, Machismo e Feminismo", na Fundação Perseu Abramo. 
 

O inferno são as outras


A pesquisa realizada em 2011 por Gustavo Venturi apresenta avanços em relação à edição anterior, de dez anos atrás. A avaliação geral de que a situação das mulheres melhorou, se comparada à de duas ou três décadas atrás, subiu de 65% para 74%.

Mas, apesar dos progressos, ainda há dados que chamam à reflexão: 23% das mulheres (contra 30% em 2001) disseram concordar que "nas decisões importantes, é justo que na casa o homem tenha a última palavra"; 24% (38% em 2001) consideram que "em um casal é importante que o homem tenha mais experiência sexual do que a mulher"; 15% (eram 24% em 2001) acreditam que "a mulher casada deve satisfazer sexualmente o marido mesmo quando não tenha vontade" e 4% (11% em 2001) acham que "se a mulher trair o homem é justo que ele bata nela".
 
"Estas questões são minoritárias, mas ainda persistem. Não é que elas digam ‘é justo que batam em mim’, mas elas imaginam a ‘vagabunda que vai sair com o meu marido merece apanhar'. É um julgamento moral da outra. A ideia de que isso seja legitimo é altamente perigosa para as próprias mulheres que acreditam nela", afirma Gustavo. 
 

Gentileza e autonomia

 
Regina Navarro Lins reprova o cavalheirismo porque, para ela, esse comportamento carrega a ideia nociva de que as mulheres são incapazes. "Gentileza é uma coisa: homens têm que ser gentis com as mulheres e mulheres gentis com os homens. Se eu estou na frente, abro a porta para o meu amigo passar. A ideia do cavalheirismo embute uma noção de que a mulher é incompetente até para puxar uma cadeira, para abrir uma porta, pagar uma conta".

A socióloga Tica Moreno diz que a tão problematizada divisão de contas pelo casal não é um problema em si. "O problema é quando o cara paga a conta e acha que por isso você tem de transar com ele", afirma ela, acrescentando que há mulheres independentes financeiramente, com sucesso profissional, mas que não têm autonomia.

"Elas acreditam que têm de ter um homem ao lado para dar significado às suas vidas, que não podem tomar a iniciativa da conquista, não podem mostrar que gostam de sexo.", conta a socióloga.

Há um modelo de família constituído na sociedade que coloca que a mulher tem de ter um marido e filhos, e muitas mulheres o perseguem. "Quando você constrói a sua identidade em função do interesse e da satisfação das necessidades dos outros, você se perde enquanto sujeito", diz Tica. 
 
Para Regina, há uma questão simples que ajuda a definir se uma mulher tem ou não autonomia: você aceita dividir a conta do motel? Ela afirma que para muitas mulheres isso ainda é tabu. "Parece que, para essa mulher, ir a um motel não proporcionará prazer aos dois". A psicanalista acredita que a explicação para isso é reflexo de milênios de opressão.

"Quando a mulher começou a ser oprimida, há cinco mil anos, ela não tinha como reagir. Então, a única forma que ela encontrou para se defender foi usando o corpo. Controlando as necessidades sexuais masculinas, ela conseguia benefícios em troca, como roupas, joias e comida... É possível que venha daí a ideia de que, ao fazer sexo com ela, o homem tenha de pagar alguma coisa", diz a psicanalista.

Mulheres preferem homens com dinheiro? História ajuda a responder



Mulheres que só se interessam por figuras masculinas que possam lhes proporcionar uma vida de regalias são frequentes na ficção. Na vida real, a frase "Quem gosta de homem é gay, mulher gosta de dinheiro" costuma ser lembrada para expressar a ideia de que elas se preocupam apenas em ter alguém que as sustente. Questionada sobre o que há de verdade nessa sentença, a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins diz que, para discuti-la, é preciso lembrar a trajetória feminina nos últimos milênios. 
"O sistema patriarcal que se instalou há cinco mil anos estabeleceu que a mulher deveria ser meiga, cordata, principalmente, submissa e ter filhos sem parar. No século oito, houve até um concílio da igreja  para decidir se ela tinha alma ou não", afirma Regina, estudiosa das relações amorosas e sexuais, autora de "O Livro do Amor" (Best Seller) e de um blog no bem estar fisíco saúde. "As mulheres não tinham direito a nada, sempre foram consideradas incompetentes e tinham de depender de um homem. É uma história que primordialmente tinha a ver com sobrevivência", fala a psicanalista. 
 
O psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade, concorda com a escritora. "As mulheres eram socializadas de forma a serem dependentes e, por isso, podiam fazer certas exigências com relação ao nível social do homem em troca", afirma o especialista, que acrescenta: "Sair deste papel não é fácil e a mudança não ocorre em apenas duas ou três gerações depois de milênios de submissão". 
O início do século 21 desponta com números que mostram que as brasileiras avançaram e conquistaram muitos espaços, incluindo altos cargos nas empresas. Porém, de acordo com Rodrigues Jr., são comuns em seu consultório queixas com relação à preocupação da parceira com a situação econômica do homem.  "As mulheres tendem, sim, a estabelecer um relacionamento em que o homem seja financeiramente superior", afirma Rodrigues Júnior. 
 
"Uma mulher executiva, independente, que more sozinha em seu próprio imóvel, tende a buscar um homem que também tenha tudo isso e mais alguma coisa, incluindo um carro melhor do que o dela", diz o psicólogo. "Muitas falam abertamente que não querem andar de carro velho nem comer em locais simples". 
 

Cavalheirismo contestado

 
Regina Navarro Lins acredita que o número de mulheres cujo interesse maior está na conta corrente masculina diminuiu e isso é uma tendência, embora, até hoje, muitas ainda sejam educadas para achar que precisam de um homem para dar sentido à vida. "Acreditam em sua incompetência e que precisam de alguém para sustentá-las. Mas estamos num processo de profunda mudança", diz a psicanalista. "São ecos de uma mentalidade onde o homem tinha de ser poderoso financeiramente, provedor. Mas essa é uma ideia que não combina com a mulher que acredita na igualdade de direitos e deveres", afirma ela que lembra situações em que ouviu histórias  que a deixaram perplexa. 
 
"Escuto coisas aterradoras de mulheres independentes, com grana, tais como ‘divido restaurante, cinema, mas motel, não’. Por que não o motel? Os dois não vão ter prazer? Ele vai pagar o motel apenas porque é o homem? É ridículo", diz Regina, que faz questão de distinguir independência e autonomia. Segundo a escritora, grande parcela das mulheres está mais independente, que é a parte mais fácil.

"Ganhar o próprio dinheiro é fundamental. Mas a maioria não é autônoma. Ter autonomia significa não aceitar valores impostos como a necessidade de um homem protetor que paga a conta, puxa a cadeira e abre a porta", afirma a escritora que faz criticas ao cavalheirismo. "Quando elas dizem que gostam desse tipo de atitudes do homem, digo que isso é nocivo à mulher, implica superioridade dele para com ela. Homens e mulheres devem ser gentis um com o outro. É diferente ele me ajudar a carregar uma caixa pesada sendo ele o mais forte. Eu faria o mesmo por uma senhora idosa. Por que ela não pode puxar a cadeira para ele se sentar ou abrir a porta para ele?", pergunta.
 

Novo comportamento, ideias conservadoras

 
Segundo a psicóloga Valéria Meirelles, que defendeu tese de doutorado sobre atitudes, crenças e comportamento de homens e mulheres com relação ao dinheiro ao longo da vida, a ala feminina ainda continua com posturas antigas. "Elas acham feio quando o homem aceita dividir a conta. Querem as vantagens da modernidade com os benefícios da tradição: serem cuidadas, que o homem assuma todas as contas de casa, mesmo que ela seja independente".
 
Para a psicóloga Angélica Rodrigues Santos, que atua na área de finanças comportamentais, a preocupação de uma mulher com a situação financeira do parceiro vai muito além do dinheiro em si, que na verdade seria mais um símbolo.  "Em nossa sociedade, ele significa segurança e proteção. Ela quer ter certeza de que, se não conseguir dar conta, terá um companheiro para segurar a onda. Mas é claro que existem aquelas que consideram apenas o que o cara possui, assim como há homens nesse perfil também", conta Angélica que escreveu com o marido, Rogério Olegário, o  livro "Família,  Afeto e Finanças – Como Colocar Cada Vez Mais Dinheiro e Amor em Seu Lar" (Editora Gente). 
 
"A mulher pode até se bancar, dividir a conta, se divertir em ficar com um cara que tem menos que ela no início. Mas depois de um tempo, pode ser decepcionante. O homem vira filho, não um companheiro", afirma Angélica, que complementa: "Acho legítimo, é um direito dela se preocupar com essa questão".

Novas mulheres, novos homens

 
A antropóloga e psicanalista Amnéris Maroni  acredita que essa figura da mulher que procurava um homem como provedor está desaparecendo. No lugar, entrou outra, que cobra do homem maturidade em todos os níveis.  "A mulher conquistou liberdade, salário, quer fazer com que o homem caminhe, vá à luta. Elas fizeram uma revolução cultural. Eles, não", afirma Amnéris, adicionando que acha justo que a mulher, se preocupe com o futuro do relacionamento, incluindo questões de econômicas. "A relações devem ser de troca e não de dependência", diz ela.
 

Números mostram conquistas e avanços

Em um passado recente, as mulheres não eram estimuladas a estudar para se dedicar a uma profissão. Hoje, a realidade é outra e mostra uma tendência que já havia aparecido dois anos antes na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): elas são maioria nos bancos escolares e permanecem mais tempo estudando.

Ainda de acordo com o IBGE, em 2000, pouco mais de 11 milhões de mulheres eram responsáveis por seus domicílios. Dez anos depois, esse número dobrou sendo que, para os homens, no mesmo período, o número saiu de 33 para 35 milhões.

No mercado de trabalho, elas também conquistam cada vez mais espaço e cargos de chefia. Segundo pesquisa da Catho (empresa de vagas e currículos online) junto às companhias cadastradas, o número de presidentas pulou de 15,14% em 2001 para 23,85% dez anos depois. Mais: 48% delas estão em cargo de supervisão e 64% em cargos de coordenação.

"Conforme o tempo passa, encontramos maior número de mulheres que assumem postos estratégicos nas organizações com cargos de chefia. Acho que estamos corrigindo uma herança histórica na qual elas mulheres não davam atenção à carreira", afirma Luís Testa, diretor de marketing da Catho

A antropóloga Mirian Goldenberg que, em parceria com Adão Iturrusgarai  lançou seu livro mais recente, "Tudo o Que Você Não Queria Saber Sobre Sexo" (Record), também discorda totalmente da imagem de que as mulheres consideram mais os bens do homem em uma relação. "A maioria  das que encontro em minhas pesquisas está preocupada em ser independente e autônoma do que ter no marido um provedor. Óbvio que pode-se pinçar uma ou outra interessada nisso, mas essa é minoria", segundo Mirian, que, diferentemente de Regina Navarro Lins, não vê problemas quando o homem assume atitudes como pagar a conta no restaurante, por exemplo. "É mais a questão simbólica do que o dinheiro. A mulher quer atenção, romance, sedução, se sentir especial. E o reconhecimento do homem do quanto ela é importante, mesmo que ela possa pagar", afirma a antropóloga que estuda a classe média carioca. 
 

Dinheiro, mulheres e homens

 
Rogério Olegário, marido de Angélica, é consultor financeiro pessoal e tem 70% de sua clientela formada por mulheres. Sua experiência mostra o quanto dinheiro é uma questão delicada em um relacionamento, mesmo quando quem ganha mais é ela. "Atendo mulheres que chegam a ganhar cinco vezes mais do que o marido e tudo bem para elas. Mas, recentemente, falei com uma que disse que o marido jamais poderia saber que de sua consulta comigo, pois se ele soubesse que ela ganhava mais, nunca mais teria uma ereção", conta o especialista, afirmando que muitos homens podem se sentir diminuídos e fracassados nesses casos porque foram educados para serem os provedores. 
 
De acordo com Conrado Navarro, especialista em finanças pessoais e criador do site dinheirama.com, que atua na educação financeira, a preocupação da mulher com a questão do dinheiro tem a ver com o próprio perfil feminino. "Elas tendem a ser mais zelosas e cuidadosas quando o assunto é patrimônio. E geralmente cuidam muito melhor do dinheiro do que o homem, fazem planilhas, anotam gastos. São prevenidas, pensam no futuro, nos filhos. Homem se liga mais no presente, no status, no trabalho".

Teste com 8 marcas mais vendidas de vinho rosé revela defeitos graves em 4 deles

Refrescantes, os vinhos rosés são uma boa opção para os dias quentes do verão. No entanto, os rótulos mais consumidos pelos paulistanos estão longe da excelência.
Quatro das oito marcas de rosé mais vendidas em quatro supermercados de São Paulo têm baixa qualidade. Numa escala de 0 a 5, dois vinhos receberam a nota intermediária (2,5) e apenas dois a ultrapassaram, ou seja, foram bem avaliados.
Essa é a conclusão de uma degustação às cegas organizada pela Folha.
As principais características negativas apontadas por cinco especialistas foram a falta de acidez e a presença desequilibrada de álcool, amargor e açúcar.
Eles observaram também que algumas bebidas remetem a sabores artificiais.
Para Jorge Lucki, colunista do jornal "Valor Econômico" e da revista "Prazeres da Mesa", é o caso do chileno Los Vascos, que lembra aroma artificial de morango.
Sommelière do restaurante paulistano D.O.M., Gabriela Monteleone identificou uma característica semelhante no português Lancers. Para ela, o rótulo "tem gosto e cheiro de Cebion [complemento de vitamina C] e aroma químico".
Além de Lucki e Monteleone, participaram da avaliação Gianni Tartari, sommelier do restaurante Emiliano; Mário Telles Jr., presidente da Associação Brasileira de Sommeliers; e Suzana Barelli, diretora de Redação da revista "Menu".

Editoria de arte/Folhapress
O VENCEDOR
De uma pequena vinícola em São Joaquim, no interior de Santa Catarina, nasceu o rosé Villa Francioni, o único vinho que não sofreu nenhuma crítica no teste promovido pela Folha, com média de 4,2 pontos, num total de 5.
Foi Manuel Dilor, um empresário do ramo de cerâmica, quem deu o primeiro impulso ao vinhedo de mesmo nome, em 2001, perseguindo um sonho antigo. Acompanhou a colheita e a produção de seus vinhos, mas morreu em 2004 e não teve chance de vê-los comercializados, dois anos depois.
E dessa primeira leva, surge a garrafa testada no mês passado que, segundo os especialistas, é um exemplar coerente ao estilo (rosé).
Não chega a empolgar, sugerem os jurados durante o teste. "É um vinho que eu tomaria em uma festa", diz Jorge Lucki. Para Mário Telles Jr., o vinho apresentou "boa acidez".
Gabriela Monteleone diz mais: "típico, leve e fresco". Já na avaliação de Suzana Barelli, o Villa Francioni 2011 é um "vinho gastronômico, equilibrado e frutado". Nas impressões de Gianni Tartari, mostra-se "elegante", com "cor da Provence".
Foi nessa região do sul da França, inclusive, que o vinho foi inspirado, segundo o enólogo da empresa, Orgalindo Bettu. "Ele é feito com oito diferentes castas, entre elas shiraz, pinot noir e cabernet franc. Sua cor se aproxima da da casca de cebola".

Avener Prado/Folhapress
Os jurados da degustação: Gabriela Monteleone, Gianni Tartari, Mário Telles Jr., Jorge Lucki e Suzana Barelli
Os jurados da degustação: Gabriela Monteleone, Gianni Tartari, Mário Telles Jr., Jorge Lucki e Suzana Barelli
COMO DEVE SER
Um bom rosé tem, em geral, aromas delicados, é leve e refrescante, por não ter elevada quantidade de tanino, substância presente na casca da uva, que dá cor aos vinhos.
Sua cor é sempre mais clara do que a do vinho tinto: durante o processo de vinificação, o suco não fica em contato tão prolongado com a casca da uva, como o tinto.
Vinhos do Novo Mundo tendem a ter tonalidade rosa escura, e os mais tradicionais, sobretudo os da região francesa da Provence, lembram a cor da casca de cebola.
A harmonização pode ser um grande trunfo desse vinho, por sua versatilidade. Ele combina com peixes e frutos do mar e com a cozinha tailandesa, mais intensa.
O QUE DIZEM OS PRODUTORES
Os produtores dos vinhos que tiveram avaliação negativa, com nota abaixo de 2,5, foram ouvidos pela Folha.
Na prova do Lancers, por exemplo, foram identificados amargor, aroma e sabor de ácido ascórbico. Segundo a empresa portuguesa José Maria da Fonseca, responsável pela bebida, "os engarrafamentos passam por provadores e nunca tais aromas foram detectados".
No caso do Quinta da Romaneira 2011, surgem nas avaliações taninos incompatíveis com a categoria, desequilíbrio e excesso de álcool.
"O comentário sobre o álcool em excesso é particularmente inapropriado porque o teor alcoólico desse vinho é de 12,5%, muito abaixo dos encontrados na maioria dos rosés do Douro", diz a vinícola Quinta da Romaneira.
Já o grupo Pão de Açúcar, dono da marca Club des Sommeliers, afirmou, diante das críticas, que "todos os rótulos são escolhidos criteriosamente por uma equipe de sommeliers que realiza diversos testes no produto".
Na avaliação da Folha, os especialistas identificaram amargor, álcool em excesso, presença de dióxido de enxofre (SO2) e acidez artificial.
Acidez também foi um problema apontado no Los Vascos 2012. Para os jurados, aparece exagerada e artificial.
"A safra 2012 apresentou nível ligeiramente superior de acidez ao da safra 2011 do mesmo vinho. Quando avaliamos a coloração, os aromas e a concentração tânica, consideramos compatíveis com rosés chilenos produzidos majoritariamente com a uva cabernet sauvignon".

Editoria de Arte/Folhapress

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Gravidez ocorrida durante aviso prévio garante estabilidade, decide TST

A gravidez ocorrida durante o aviso prévio garante estabilidade provisória no emprego à trabalhadora, com o direito ao pagamento de salários e indenização, segundo decisão unânime da Terceira Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho).
A turma julgou recurso de uma ex-funcionária que propôs ação trabalhista pedindo a reintegração ao emprego --e, consequentemente, pagamento dos salários maternidade.
A primeira instância não reconheceu a estabilidade por gravidez porque a concepção ocorreu após a rescisão contratual, conforme argumentou a empresa em sua defesa.
A trabalhadora recorreu ao TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região) e alegou, conforme comprovado em exames médicos, que a concepção ocorreu durante o aviso prévio --período que integra o tempo de serviço. O TRT negou o provimento ao recurso.
Ao apelar ao TST, a trabalhadora sustentou que o aviso prévio não significa o fim da relação empregatícia, "mas apenas a manifestação formal de uma vontade que se pretende concretizar adiante, razão por que o contrato de trabalho continua a emanar seus efeitos legais".
O ministro relator da Terceira Turma, Maurício Godinho Delgado, destacou que o TRT admitiu que a gravidez ocorreu no período de aviso prévio indenizado.
Ele considerou uma orientação jurisprudencial --de nº 82, da SDI-1 (Subseção de Dissídios Individuais I)-- do TST, que diz que a data de saída a ser anotada na carteira de trabalho deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado.
Seu voto foi acompanhado pelos demais ministros, dando ganho de causa à trabalhadora.

Confira receitas de sucos que ajudam a prolongar o bronzeado



A alimentação está entre as grandes – e mais saudáveis – aliadas quando o assunto é prolongar o bronzeado conseguido após aquelas férias na praia, ou dias de tranquilidade à beira da piscina, na varanda e onde mais seja possível esticar a toalha e pegar a tão desejada corzinha do verão.
Alimentos ricos em vitamina A e carotenoides são os que mais ajudam a manter a cor e podem ser encontrados nos triviais mamão, abóbora, cenoura e tomate. Mas, segundo a técnica de nutrição e dietética Fernanda Assef, do Senac de São Paulo, há muitas outras opções que, quando misturadas, podem, além de ajudar a prolongar o bronzeado, ter ações antioxidante, antiestresse e até ajudar na limpeza das glândulas linfáticas.

"Frutas como maçã, framboesa, morango e maracujá podem ser trituradas com água de coco, mel e verduras. Agrião e salsão funcionam bem como agentes detox, enquanto a folha de couve é bem rica em vitamina A e carotenoides", explica a profissional.
Corredora, participante de meias-maratonas e diversas corridas, a nutricionista especialista em Fisiologia do Exercício e Nutrição Esportiva pela Escola Paulista de Medicina Vanessa de Abreu (www.topnutricao.com.br) também reforça o poder das frutas alaranjadas ou avermelhadas citadas, ricas em betacaroteno, substância que ajuda a deixar a pele dourada e a protegê-la contra raios UVA e UVB. "Coloco em algumas receitas o gengibre, limão e água de coco por serem refrescantes e combinarem com o calor do verão".
Formada em nutrição pela Universidade Jorge Amado, em Salvador, Bahia, Mariana Daltro tem na ponta da língua uma lista infalível para sua clientela que, exigente com o corpo bronzeado, sempre pede dicas de como aprimorar o tom do verão por meio dos alimentos. "Incluo a beterraba, que é rica em ferro e açúcares benéficos. O resultado é levemente energético e nutritivo."

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Mega-Sena pode pagar R$ 2 milhões neste sábado Comente



O concurso 1.469 da Mega-Sena, que será sorteado neste sábado (16), pode pagar um prêmio de R$ 2 milhões para o apostador que acertar as seis dezenas, segundo a Caixa Econômica Federal.
Se apenas uma pessoa ganhar, poderá comprar uma frota de 80 carros populares ou 10 casas, no valor de R$ 200 mil cada. Mas se quiser investir, aplicando em poupança, receberá mensalmente mais de R$ 8.000 em rendimentos.

Mais loterias

Na quarta-feira (13), um apostador de Volta Redonda (RJ) acertou as seis dezenas do concurso e levou R$ 1,5 milhão. Os números que saíram foram: 01 - 02 - 10 - 19 - 20 - 37.
Outros 179 apostadores acertaram a quina e levaram R$ 4.677,95 cada. E mais 6.493 acertaram a quadra e levaram R$ 184,23 cada.
As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio, em qualquer lotérica da Caixa. O valor da aposta mínima, com seis números, é de R$ 2.

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