A base de toda relação amorosa harmônica precisa ser a confiança,
certo? Seguindo esse preceito, então, a vida de um casal deveria ser uma
espécie de livro aberto. O que inclui, em tempos de internet, de perfis
conjuntos nas redes sociais ao compartilhamento de senhas. Para muitos
homens e mulheres, o excesso de privacidade virtual pode sinalizar que
há algo a esconder. E, seguindo essa lógica, revelar a senha de acesso
do MSN ou do Facebook tem o peso de uma prova de amor. Será, mesmo? Veja
algumas análises que especialistas recomendam fazer antes de tomar
qualquer atitude.
Compartilhar senhas de e-mail e redes sociais é uma prova de amor?
Segundo a psicóloga Andréa Jotta, do NPPI da PUC de São Paulo (Núcleo
de Pesquisas da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade
Católica), nos relacionamentos maduros e saudáveis isso pode acontecer
naturalmente, sem que haja o peso de se tratar o assunto como um pacto
ou prova de amor.
"E pode também acontecer de um querer compartilhar, por questões
pessoais ou práticas, mas o outro não, o que é perfeitamente
compreensível", afirma. Andréa diz ainda que um relacionamento não
significa dividir tudo, sempre. "Uma parte da pessoa, seus pensamentos,
fantasias, amigos e gostos são só dela. Isso você não divide com o
outro. É preciso ter confiança no caráter do parceiro, nos valores dele e
em si mesmo, principalmente, para não se sentir ameaçado por aquilo que
não lhe diz respeito".
Falar em "prova de amor" é uma desculpa para exercer o controle?
"Uma relação pautada na confiança e na maturidade não necessita desse
tipo de prova", explica Marina Vasconcellos, terapeuta familiar e de
casal pela Unifesp (Universidade Federal São Paulo). Já Alexandre Bez,
psicólogo especializado em relacionamentos pela Universidade de Miami
(EUA), explica que pessoas controladoras e com personalidade narcisista
têm necessidade de estar no controle, de desfrutar a sensação de poder
no relacionamento."Costumo dizer que é muito mais importante conhecer o parceiro do
que tentar controlá-lo, pois isso gera uma falsa sensação de domínio",
afirma. Ele conta que o simples fato de manter um relacionamento já é um
pacto consolidado. A prova de amor deve estar presente no dia a dia, na
cumplicidade, no comportamento, na exposição das dúvidas e nos
conselhos, jamais em um compartilhamento pessoal. "É uma invasão à
privacidade, e, principalmente, um desrespeito à relação vivida", diz.
Dividir senhas ajuda a evitar uma traição?
Os especialistas são unânimes: não. Segundo a psicóloga Andréa Jotta,
muitos casais decidem compartilhar as senhas a fim de evitar discussões,
brigas e desconfianças desnecessárias. "Porém, o que acontece com
frequência é que são abertos outros perfis e e-mails particulares, às
escondidas".
Compartilhar senhas expõe a privacidade de outras pessoas?
Sim, principalmente porque os amigos nem imaginam que suas conversas e
trocas de e-mails estão sendo monitoradas. "Quando você sabe que outros
lerão o que você escreve, certamente acaba tomando certos cuidados na
escrita, no modo como expõe suas opiniões, no conteúdo da conversa...
Deixar que o parceiro veja tudo é uma espécie de traição à privacidade
do seu amigo", conta Cristiane Pertusi.Compartilhar senhas pode alimentar a paranoia de alguém possessivo?
"Há uma grande chance disso acontecer", declara Marina. "É incrível a
quantidade de casos de pessoas com ciúme patológico que cerceiam a
liberdade do outro, enquanto o parceiro não percebe que trata-se de uma
doença e se submete às exigências. Essas pessoas veem sinais de traição
em qualquer tipo de relacionamento que o outro mantenha. A vida do casal
vira um inferno", segundo a psicóloga. "Recomendo o bom senso, no
compartilhamento em demasia ou proibição exagerada", diz a psicóloga
Cristiane Pertusi.
A proposta, em geral, vem de quem é mais ciumento?
Sim, e geralmente parte do sexo masculino. "Essa maior probabilidade
acontece justamente pela carência dominante na personalidade da mulher,
que em geral sente medo de ficar sozinha", afirma o psicólogo Alexandre
Bez.
Para Andréa Jotta, o sexo feminino costuma cair na armadilha de achar que tal invasão de privacidade é algo romântico. "Diria que as mulheres acabam se deixando levar pela insistência de alguns homens inseguros, e com o receio de perdê-los ou de que a recusa faça parecer que estão escondendo algo, acabam se submetendo a eles", diz Marina Vasconcellos.
Para Andréa Jotta, o sexo feminino costuma cair na armadilha de achar que tal invasão de privacidade é algo romântico. "Diria que as mulheres acabam se deixando levar pela insistência de alguns homens inseguros, e com o receio de perdê-los ou de que a recusa faça parecer que estão escondendo algo, acabam se submetendo a eles", diz Marina Vasconcellos.
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