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ThinkstockAgressividade ao emitir opiniões é uma das características mais marcantes do comportamento na internet
Você está em um restaurante maravilhoso e pediu o prato mais suculento
do cardápio. Quando ele chega, saca o smartphone, fotografa a iguaria e
imediatamente compartilha em redes sociais diversas esperando pelas
"curtidas" dos amigos.
Hoje, as redes sociais influenciam das relações amorosas e entre amigos às escolhas profissionais; das maneiras de estudar para uma prova às formas de reivindicar direitos; da produção acadêmica à exibição artística. E, claro, principalmente, na forma de se comunicar. As mídias sociais são tão importantes que acabaram motivando o surgimento de profissionais especializados em prestar consultoria sobre elas.
Hoje, as redes sociais influenciam das relações amorosas e entre amigos às escolhas profissionais; das maneiras de estudar para uma prova às formas de reivindicar direitos; da produção acadêmica à exibição artística. E, claro, principalmente, na forma de se comunicar. As mídias sociais são tão importantes que acabaram motivando o surgimento de profissionais especializados em prestar consultoria sobre elas.
Um deles é o jornalista Alexandre Inagaki, 39, que é consultor em comunicação e marketing digital e mantém o blog "Pensar Enlouquece"
há dez anos. Ele resume: "São como mesas de bar virtuais onipresentes,
nas quais qualquer um pode, a qualquer momento, puxar uma cadeira e
participar dos papos que estão rolando.
Neste "happy hour", que dura 24 horas por dia, todos os aspectos da vida estão presentes. E você pode trocar ideias sobre os mais diferentes assuntos, paquerar, desabafar, fazer novas amizades, incrementar sua rede de contatos profissionais ou simplesmente ficar falando abobrinhas".
Neste "happy hour", que dura 24 horas por dia, todos os aspectos da vida estão presentes. E você pode trocar ideias sobre os mais diferentes assuntos, paquerar, desabafar, fazer novas amizades, incrementar sua rede de contatos profissionais ou simplesmente ficar falando abobrinhas".
Fla-Flu virtual
Falar abobrinhas é, por sinal, uma das maiores diferenças entre o
comportamento das pessoas online e o que elas costumam adotar na vida
offline. Augusto de Franco, um dos criadores da Escola-de-Redes,
consultor e teórico das redes sociais explica como isso acontece: "As
pessoas têm atitudes diferentes diante de mídias diferentes. Escrevendo,
você se coloca de um jeito diferente -por exemplo, tem coragem de dizer
o que não diria ao telefone".
Uma das características mais marcantes da forma de se comunicar nas
redes sociais é a exaltação. "Boa parte dos usuários de redes sociais
costuma deixar o superego (consciência moral) de lado, especialmente
quando emitem opiniões e debatem, de forma raramente ponderada, assuntos
ligados a futebol, religião, política e 'BBB'. É por isso que se
costuma dizer que, em sites como Twitter e Facebook, todo embate de
ideias vira um Fla-Flu de opiniões acaloradas", diz Alexandre Inagaki.
O anonimato ajuda a tornar os espaços virtuais nesses "territórios sem
lei", nas palavras de Bianca Furtado, especialista em marketing digital
com ênfase em mídias sociais. "Mas hoje os próprios usuários das redes
rejeitam quem faz algo que não esteja de acordo com os termos de uso e
certas normas de convivência em geral".
"Bigbrotherização"
Outra característica muito marcante das redes é a vontade de
compartilhar tudo o tempo todo. Inagaki atribui isso a dois fatores: à
carência e ao fato de as fronteiras entre o online e o offline estarem
cada vez mais dissipadas. "Nesse comportamento há uma certa
'bigbrotherização' de nossas vidas", diz. O jornalista explica que, ao
publicar um conteúdo, você espera que outras pessoas curtam,
compartilhem, comentem a sua postagem. "E quanto mais coisas você posta
em redes sociais, maior é a possibilidade de que você ganhe mais amigos e
seguidores, aumentando seu status online", conclui.
Ampliar
Foto
de campanha: para trocar sua foto de perfil para o símbolo de um
partido ou movimento político é preciso ser alguém militante, que quer
influenciar os colegas, segundo a psicóloga Miriam Barros. "É uma pessoa
que é politicamente engajada e ativa, defende o ponto de vista com
veemência e tem orgulho disso", diz a diretora de certificação
profissional da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) Andrea
Huggard-Caine. Para o consultor de etiqueta e marketing pessoal Cláudio
Pelizari, defender seus pontos de vista é interessante, mas fazer
campanha nas redes sociais demonstra que a pessoa não tem ponderação. Stefan Pastorek/UOL
Bianca lembra que o uso arraigado de smartphones é fator essencial
nessa divulgação detalhada. "As pessoas conseguem ter informações e
notícias de forma dinâmica, pessoas comuns são alçadas a "celebridades",
alguns "memes" são criados nas redes e acabam nas rodinhas de amigos".
Espelho, espelho meu
Outro comportamento comum nas redes sociais é a autopropaganda. Cada
usuário aprende logo a selecionar as informações que prefere transmitir
ao mundo. O resultado é que as pessoas sempre parecem mais felizes,
ricas, satisfeitas e bem dispostas no mundo virtual. "Em vez de
"instagramarem" café da manhã com pão requentado, preferem exibir para
seus seguidores fotos da viagem que fizeram ao exterior ou do jantar no
restaurante da moda", afirma Alexandre.
Mas, para ele, esse comportamento mais exacerbado ou exibicionista nada
mais é do que uma "lente de aumento da vida offline". "Todas as
qualidades e defeitos da sociedade aparecem de forma mais nítida nas
redes sociais. Uma pessoa pode até tentar escamotear seus defeitos, como
alguém que se produz todo para um primeiro encontro ou uma festa, mas,
mais cedo ou mais tarde, eles aparecem".
Os relacionamentos
O relacionamento entre as pessoas foi o mais atingido pelo advento das
redes sociais, na opinião de todos os especialistas consultados por UOL Comportamento.
Segundo Augusto de Franco, "Elas proporcionam uma ampliação dos
contatos como jamais se viu antes". Em consequência, aumentaram os
graus de liberdade e de cooperação entre pessoas que antes nem se
conheciam.
A maior vantagem é o encurtamento de distâncias (com ajuda da webcam,
microfone e mensagens instantâneas) entre pessoas com o mesmo gosto ou
senso de humor, por exemplo.
Aja bem na rede
Por serem importantes em tantas áreas da vida, é preciso saber usar
bem as redes sociais. Por isso, guarde as seguintes dicas:- Não conte mentiras na internet;
- Tenha cuidado com a linguagem que você usa e preocupe-se em escrever corretamente;
- Evite expor demais a vida por meio de fotos ou detalhes dos lugares que frequenta;
- Mantenha a privacidade de posts em redes sociais pessoais;
- Tenha postura profissional em redes profissionais;
- Mantenha contato com quem se conhece ou ao menos tem amigos e interesses em comum;
- Não faça online o que não faria na vida offline, como xingar pessoas por discordar de suas ideias, exibir fotos de animais atropelados, se expor nu etc.;
- Não use as redes sociais depois de ter bebido.
Claro que, por isso, também acabam ampliando as possibilidades de
namoro. Alexandre Inagaki defende que a possibilidade de pesquisar sobre
a vida e os gostos do pretendente antes da aproximação inicial ajuda
muito na abordagem. Mas a web também pode causar transtornos, diz ele,
por fomentar o ciúme.
Relações de trabalho
Antes de contratar alguém para um posto, os recrutadores das empresas
já verificam o perfil da pessoa na internet, tanto em redes
profissionais, como o LinkedIn, quanto nas pessoais, como o Facebook,
Twitter, Orkut. Os contratantes querem saber se a pessoa tem uma postura
condizente com o cargo a que almeja, se consegue se articular bem e de
modo original, se compartilha conteúdos interessantes e os contatos em
comum que possuem.
"Algo que todo profissional deve ter em mente é que tudo que ele posta
em redes sociais pode ser usado contra ele. Erros de português, críticas
feitas a chefes e empresas em que trabalham ou trabalharam e
comentários preconceituosos são atitudes que certamente atrapalharão as
aspirações profissionais de uma pessoa", diz Alexandre.
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