segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Coronavírus: O que se sabe e o que ainda é dúvida sobre o novo vírus que surgiu na China

Vírus é apontado como a variação de uma família já conhecida pelos cientistas. Veja o que se sabe sobre origem, transmissão e sintomas. A nova epidemia de coronavírus já matou 81 pessoas e infectou mais de 2 mil na China, de acordo com um balanço divulgado nesta segunda-feira (27). Relatos da doença foram identificados em ao menos 12 países. No Brasil, o Ministério da Saúde descartou cinco casos suspeitos. Segundo a pasta, os casos "não se enquadram na definição de caso suspeito da Organização Mundial da Saúde (OMS)". Mas, por que este vírus está infectando tantas pessoas? Abaixo, confira o que se sabe e o que ainda falta esclarecer sobre o coronavírus: Qual é a origem do vírus? Onde surgiram os primeiros casos? O que é responsável pela transmissão? Onde estão as infecções? Onde ocorreu a primeira morte? Que medidas foram adotadas para evitar a proliferação do vírus? Como ocorre a transmissão? Quais são os sintomas? É um vírus que vem pra ficar ou vai 'desaparecer'? Há vacina disponível? Qual é o status de transmissão entre países? 22 de janeiro de 2020 - Trabalhadores produzem máscaras em uma fábrica em Handan, na província de Hebei, no norte da China. País proibiu trens e aviões de deixar Wuhan, epicentro do surto de coronavírus. — Foto: STR / AFP22 de janeiro de 2020 - Trabalhadores produzem máscaras em uma fábrica em Handan, na província de Hebei, no norte da China. País proibiu trens e aviões de deixar Wuhan, epicentro do surto de coronavírus. — Foto: STR / AFP 22 de janeiro de 2020 - Trabalhadores produzem máscaras em uma fábrica em Handan, na província de Hebei, no norte da China. País proibiu trens e aviões de deixar Wuhan, epicentro do surto de coronavírus. — Foto: STR / AFP 1. Qual é a origem do vírus? O novo vírus é apontado como uma variação da família coronavírus. Os primeiros coronavírus foram identificados em meados da década de 1960, de acordo com o Ministério da Saúde. A variação que está infectando diversas pessoas na China e em outros 12 países é conhecida tecnicamente como 2019-nCoV. Ainda não está claro como ocorreu a mutação que permitiu o surgimento do novo vírus. Outras variações mais antigas de coronavírus, como SARS-CoV e MERS-CoV, são conhecidas pelos cientistas. Estas variações foram transmitidas entre gatos e humanos e entre dromedários e humanos, respectivamente. 2. Onde surgiram os primeiros casos? A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu o primeiro alerta para a doença em 31 de dezembro de 2019, depois que autoridades chinesas notificaram casos de uma misteriosa pneumonia na cidade de Wuhan, metrópole chinesa com 11 milhões de habitantes, sétima maior cidade da China e a número 42 do mundo. O tamanho é comparável com a cidade de São Paulo, que tem mais de 12 milhões de habitantes. Esta epidemia estava atingindo pessoas que tiveram alguma associação a um mercado de frutos do mar em Wuhan – o que despertou a suspeita de que a transmissão desta variação de coronavírus ocorreu entre animais marinhos e humanos. O mercado foi fechado para limpeza e desinfecção. Cronologia da expansão do novo coronavírus descoberto na China Situação do coronavírus na China — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/Arte G1Situação do coronavírus na China — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/Arte G1 Situação do coronavírus na China — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/Arte G1 3 . O que é responsável pela transmissão? Ainda não se sabe como se deu a primeira transmissão para humanos, a suspeita é que foi por algum animal silvestre, mas ainda não se sabe qual foi o responsável nem como ele transmitiu a doença, e nem mesmo se o novo vírus está associado a animais marinhos. Entretanto, uma pesquisa de cientistas chineses diz que a hipótese mais provável é que o animal seja uma cobra. Cobra chinesa (Bungarus multicinctus) que pode ter carregado a nova cepa do coronavírus — Foto: LiCheng Shih/CCBY2.0Cobra chinesa (Bungarus multicinctus) que pode ter carregado a nova cepa do coronavírus — Foto: LiCheng Shih/CCBY2.0 Cobra chinesa (Bungarus multicinctus) que pode ter carregado a nova cepa do coronavírus — Foto: LiCheng Shih/CCBY2.0 4. Onde estão as infecções? Foram registrados casos na China e em outros 12 países de 4 continentes: Estados Unidos, Canadá, França, Arábia Saudita, Austrália, China, Nepal e outros países da Ásia. Na China, a doença foi registrada em todas as províncias do país, menos na região do Tibete, mas a maior parte dos casos se concentra na província central de Hubei. No Brasil, cinco casos suspeitos foram descartados pelo Ministério da Saúde. 5. Onde ocorreu a primeira morte? Na China, em 9 de janeiro. Um homem de 61 anos foi a primeira vítima. O paciente foi hospitalizado com dificuldades de respiração e pneumonia grave, e morreu após uma parada cardíaca. Naquele momento, 41 pessoas já haviam se infectado. Ambulância cruza uma ponte em Wuhan, na província de Hubei no sábado (25); a cidade está isolada após surto de coronavírus — Foto: Chinatopix/APAmbulância cruza uma ponte em Wuhan, na província de Hubei no sábado (25); a cidade está isolada após surto de coronavírus — Foto: Chinatopix/AP Ambulância cruza uma ponte em Wuhan, na província de Hubei no sábado (25); a cidade está isolada após surto de coronavírus — Foto: Chinatopix/AP 6. Que medidas foram adotadas para evitar a proliferação do vírus? Ao menos dez localidades chinesas suspenderam a circulação do transporte público, uma medida para tentar evitar que o vírus se espalhe. Todas estão na província de Hubei. É na província de Hubei que está Wuhan, cidade considerada epicentro da doença. Wuhan está sob quarentena. As outras cidades afetadas pela medida são Ezhou, Huanggang, Chibi, Xiantao, Zhijiang, Qianjiang, Huangshi, Xianning e Yichang. Em Wuhan, autoridades chinesas estão construindo um hospital com 1 mil leitos para atender os casos da doença. O Ministério de Ciência e Tecnologia da China lançou oito projetos de pesquisa de emergência para ajudar a lidar com o mais recente surto de coronavírus no país. Novo hospital, pesquisas de emergência, restrição de circulação: os esforços da China para combater a expansão do coronavírus Pequim cancelou as comemorações do Ano Novo Chinês e suspendeu a entrada de turistas. As festividades, que seguem o calendário lunar, começariam na sexta-feira, 24 de janeiro, e durariam uma semana. Fora da China, os Estados Unidos anunciam procedimentos de detecção do vírus em três importantes aeroportos do país, incluindo um em Nova York em 17 de janeiro. Além dos EUA, aeroportos na Turquia, na Rússia e na Austrália passaram a utilizar monitores infravermelhos para identificar possíveis casos da doença. O aeroporto de Heathrow, em Londres, separou um terminal só para os viajantes que chegam de regiões já afetadas pelo vírus. Vendedora usa máscara em Chicago, nos EUA. Uma mulher foi identificada na cidade com infecção por coronavírus na sexta-feira 24 de janeiro. — Foto: Antonio Perez/Chicago Tribune/APVendedora usa máscara em Chicago, nos EUA. Uma mulher foi identificada na cidade com infecção por coronavírus na sexta-feira 24 de janeiro. — Foto: Antonio Perez/Chicago Tribune/AP Vendedora usa máscara em Chicago, nos EUA. Uma mulher foi identificada na cidade com infecção por coronavírus na sexta-feira 24 de janeiro. — Foto: Antonio Perez/Chicago Tribune/AP 7. Como ocorre a transmissão? A transmissão de pessoa para pessoa foi "provada", admitiu o cientista chinês Zhong Nanshan à rede estatal CCTV em 20 de janeiro. O que ainda precisa ser esclarecido, de acordo com o infectologista Leonardo Weissmann, é a capacidade de transmissão. "O vírus é da mesma família dos coronavírus, mas, por ser novo, não se sabe quão contagioso ele é. Sabemos só que as pessoas foram até o mercado da China. Mas qual é o nível de contágio? Pode ser só via aérea, secreções?" – Leonardo Weissmann. infectologista. Weissmann lembrou o caso do sarampo. Apesar de ser um vírus diferente, os cientistas sabem que um paciente pode transmitir para até outras 20 pessoas, o que o torna um vírus bastante contagioso. Raio X do novo coronavírus - VALE ESTE — Foto: Amanda Paes e Cido Gonçalves/Arte G1Raio X do novo coronavírus - VALE ESTE — Foto: Amanda Paes e Cido Gonçalves/Arte G1 Raio X do novo coronavírus - VALE ESTE — Foto: Amanda Paes e Cido Gonçalves/Arte G1 Sobre o 2019-nCoV, não há ainda uma estatística do tipo, nem taxa de letalidade prevista pelos cientistas. Outro ponto ainda a esclarecer está relacionado ao perfil dos pacientes. Os idosos geralmente são mais suscetíveis a casos mais graves por infecções do influenza, como o H1N1. Ainda não está claro se isso se repete entre as pessoas infectadas pelo 2019-nCoV. No caso da febre amarela, por exemplo, os homens são mais afetados nas infecções do Brasil. Os médicos ainda precisam traçar um perfil do paciente com o novo coronavírus. Cientistas do Colégio Imperial de Londres estimaram que a taxa de transmissão do novo coronavírus entre humanos é de duas a três pessoas para cada paciente infectado. O relatório, divulgado em 25 de janeiro, é preliminar e foi feito a partir de modelos computacionais baseados em dados de epidemias anteriores. 8. Quais são os sintomas? Foram identificados sintomas como febre, tosse, dificuldade em respirar e falta de ar. Em casos mais graves, há registro de pneumonia, insuficiência renal e síndrome respiratória aguda grave. Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1 Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1 9. É um vírus que vem pra ficar ou vai 'desaparecer'? Não se sabe ainda. Alguns vírus, como o da catapora, não voltam a causar a doença novamente após uma primeira infecção. No caso do vírus da zika, por exemplo, o corpo responde e a mesma pessoa não passa a ser afetada novamente, o que gera uma redução natural no número de casos. A ciência ainda precisa estudar se o 2019-nCoV gera uma resposta imune definitiva ou se uma pessoa pode ser infectada mais de uma vez. 10. Há vacina disponível? Ainda não há vacina disponível. A Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) – grupo internacional para o controle de doenças – anunciou um fundo para apoiar três programas de desenvolvimento de vacinas contra o 2019-nCoV, o novo coronavírus. A Rússia também informou que busca uma vacina para o vírus. 11. Qual é o status de transmissão entre países? Uma comissão foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para debater a gravidade do surto e sua capacidade de disseminação internacional. Na reunião de 22 de janeiro, os integrantes informaram que precisam de mais informações. Um novo encontro foi feito no dia seguinte e a OMS sustentou que "ainda é cedo" para declarar emergência internacional por coronavírus. Até o momento, esse tipo de alerta ocorreu apenas em casos raros de epidemias que exigem uma vigorosa resposta, como a gripe suína H1N1 (2009), o zika vírus (2016) e a febre ebola, que devastou parte da população da África Ocidental de 2014 a 2016 e ainda atinge a República democrática do Congo desde 2018.

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