A ideia de que toda mulher grávida não pode fazer exercício e precisa
de repouso é ultrapassada e um grande engano. Pelo menos essa é opinião
de especialistas, que definem esse conceito simplesmente como um mito
que ainda desperta temor nas gestantes.
“Existe um mito de que a mulher grávida não pode fazer exercício,
principalmente no primeiro trimestre. Mas é isso, é um mito”, explica a
obstetra Ana Cristina Duarte, uma das idealizadoras do Gama (Grupo de
Apoio à Maternidade Ativa), cujo principal objetivo é a informação e o
esclarecimento das principais dúvidas das gestantes. Para Ana Cristina, o
essencial é procurar orientação médica.
“Descobriu a gravidez, a primeira coisa a fazer é procurar um serviço
de atendimento, um posto de atendimento, médica, parteira…. Pode
continuar com exercícios, só é preciso evitar riscos. Não existe uma
regra, porque depende da gestante e como ela responde aos exercícios”,
argumenta.
André Giannini, ginecologista obstetra, especialista em medicina
fetal e gestação de alto risco, também é do time de defensores do
exercício e diz que o trabalho do médico e da grávida é evitar risco.
“O médico da paciente vai avaliar se ela tem alguma doença e que tipo
que exercício seria mais indicado. É claro que não vai entrar em uma
aula de boxe, lutar MMA… Qualquer risco de trauma na barriga é
prejudicial”, ressalta.
O médico confirma que os três primeiros meses são os mais delicados e
entende o temor das futuras mamães. “Para as grávidas, os principais
cuidados são nas primeiras 12 semanas. É um medo pertinente, pelo risco
de ter algum sangramento. Mas o próprio médico na consulta pré-natal vai
te dar o caminho. Porque se você tem um paciente com queixa de dor,
você vai propor um exercício e isso pode piorar, então tem que ser
combinado qual o tipo de exercício e de esforço”, esclarece.
Apesar do conhecimento, o temor entre as gestantes é natural até
entre as profissionais da saúde. Emilene Boldrini Dias, formada em
educação física e dona de academia, não parou com os exercícios até a
véspera do nascimento de Caio, hoje com 2 anos, mas conta que teve maior
cuidado nos três primeiros meses.
“Nos três primeiros meses, eu continuei com a minha rotina, minhas
aulas, mas não fazia nada de pulo. O médico tinha liberado para pegar
leve, mas optei por me preservar. Mas quando deu três meses, eu já
estava pulando, fazendo meu step básico”, enumera aos risos.
Emilene reconhece a importância do acompanhamento médico no auxilio
ao exercício durante a gestação e diz que todas as alunas da sua
academia precisam apresentar um laudo autorizando a realização de
atividades físicas após a descoberta da gravidez.
Amenizar o ritmo dos exercícios no começo da gestação atinge também
até atletas profissionais. A fisiculturista Andrea Carvalho está grávida
e diz que cortou pela metade sua carga de treinos.
“Deixei de treinar pesado e deixei de fazer aeróbios com impactos,
antes treinava 5 a 6 vezes na semana , depois que descobri que estava
grávida diminui para 3 vezes. Deixei de lado os agachamentos com cargas
elevadas, os supinos pesadíssimos e os aeróbios com impactos. O médico
recomendou que eu continuasse a realizar exercícios com uns 30% a menos
do que eu fazia, mas achei melhor reduzir para 50% a menos , pois eu
treinava muito forte”, conta.
O conselho médico é que grávidas atletas continuem suas atividades
enquanto se sentirem confortáveis, mas o recomendado é que parem quando a
barriga começar a crescer. André Giannini ressalta ainda que a
atividade física durante a gravidez é muito importante para a saúde da
mulher. “Tudo pela manutenção do peso, para tentar se manter naquela
faixa de 8 a 10 kg. A grávida tem uma atividade mais frequente, acaba
não tendo tantos problemas”, afirma.
O especialista diz que, depois do parto, o ideal é que em caso de
cesariana a mulher tenha 30 dias de repouso. Esse prazo cai para 15 dias
em parto normal, e depois elas estão liberadas para voltar aos
exercícios, sempre “começando com esforços gradativos”.
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