Estudo estima gastos até os 21 anos do futuro herdeiro. Valores consideram custo com alimentação, educação, saúde e lazer
Rio - Quem pensa em ter
filhos pode se preparar para desembolsar de R$ 200 mil a R$1 milhão ao
longo dos 21 anos iniciais do herdeiro. Os valores consideram gastos
básicos com alimentação, educação, saúde e lazer,
dependendo da disposição de investimento e da renda mensal dos pais. No
caso de dois filhos, o custo até mesma idade fica acima de R$ 1,7
milhões. Para cuidar de três, R$2,5 milhões.
Segundo o responsável pelo
estudo, o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)
e presidente do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing
(Invent), Adriano Maluf Amui, a família
que gasta em torno de R$200 mil com um filho tem renda mensal de até R$
2 mil. O desembolso de R$1 milhão é de família com renda acima de R$25
mil por mês.
Pensando no futuro, Caroline e Paulo Lacativa já fizeram até previdência privada | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Na hora de fazer as
contas, é preciso levar em consideração as despesas essenciais, os
gastos dispensáveis e, no longo prazo, a necessidade de uma poupança. Na
opinião do educador financeiro e presidente da consultoria DSOP
Educação Financeira,
Reinaldo Domingos, o ideal é que o custo do filho não ultrapasse 30% da
renda média líquida do casal. Do contrário, o padrão de vida pode mudar
drasticamente.
Com planejamento, especialistas
mostram que é possível fazer um cálculo aproximado das despesas com o
filho em cada fase da vida dele, da gestação à vida adulta. Entram na
conta, também, gastos não previstos, como festas de aniversário e
passeios. E, se o orçamento apertar, há duas alternativas: fazer dívidas
ou rever prioridades com o supérfluo.
É dessa maneira que Paulo e
Caroline Lacativa, casal de médicos, lida com a criação de Marina, de um
ano, e Júlia, 4. Eles cortam os presentes fora de época, deixando-os
somente para datas comemorativas durante o ano. Compras, só por
necessidade. Afinal, há gastos em torno de R$2,5 mil por mês com creche
de uma das meninas, além de alimentação, roupas, balé e capoeira.
“Em compensação, viajamos uma
vez a cada semestre. É uma maneira de sair da rotina e poder passear com
elas”, conta Paulo Lacativa. Quem também se organiza financeiramente é
Gilsenberg Bittencourt, 33, pai de Gabriel, 9: “A gente fica apertado em
algumas situações, mas vale a pena ver o filhão crescer feliz”.
No crescimento, orientação financeira deve ser frequente
Para a psicóloga Andreia
Calçada, “orientação” deve ser a palavra predominante na relação entre
pais e filhos quando o assunto é dinheiro. Mesmo com mesadas, a dica é
sempre acompanhar o comportamento dos futuros herdeiros com os gastos
durante a vida.
“Parece complicado, mas é
possível educar desde cedo”, afirma. Segundo a especialista, se a
criança é mal acostumada a ter tudo quando pede, a criança faz pirraças
quando recebe a negativa. O indicado, ela diz: “Explicar para o filho
que está sem dinheiro no momento ou enrolado com outras pendências.
Precisa ser um diálogo aberto sobre isso”.
À medida que o filho cresce, os
pais também precisam se monitorar. “Não pode associar o afeto à compra,
como presentear sempre que a criança está triste”, alerta a psicóloga.
A partir de 10 anos, é comum que
pais deem algum trocado para filhos saírem ou comprarem algo. Andreia
Calçada sugere que esse seja um momento decisivo para começar a dar
orientações financeiras, sempre estipulando limites com gastos e
observando de perto os filhos.
“É preciso entrar no ‘jogo’”,
diz. A psicóloga recomenda que esse acompanhamento deve ser cauteloso
para manter boa relação no crescimento deles.
CRIAÇÃO X GASTOS
TUDO COMEÇA NA GESTAÇÃO
Confirmada a gravidez, surgem os
primeiros gastos. “O casal começa a pensar na decoração do quarto e na
compra de roupas, fraldas e itens de higiene”, enumera o educador
financeiro Reinaldo Domingos, da consultoria DSOP. O chá de bebê é a
primeira chance para economizar. Os presentes devem ser calculados
conforme a quantidade necessária. Além disso, ultrassom, coleta de
sangue do cordão umbilical e exame de audição também têm seu preço.
NASCIMENTO
“Os pais nunca se lembram da
festa de aniversário, que pode ter bufê e palhaço, e das festas de
amiguinhos, que demandam a compra de presentes”, lembra Domingos. Ele
orienta que tais gastos podem ser compensados com uma reserva
financeira. Se as despesas imprevistas não couberem no bolso, o melhor é
optar por alternativas mais baratas, como fazer a festa em casa. Nessa
fase, alguns gastos essenciais são: berço, fraldas, roupas, carrinho e
vacinas. Decoração, babá eletrônica e festa em bufê, por exemplo, são
opcionais.
AGORA JÁ É CRIANÇA
De acordo com Adriano Maluf
Amui, responsável pelo estudo, nessa etapa é comum que os pais queiram
levar os filhos para viagens dentro ou fora do país ou até extravasar
nos presentes. “O ideal é que tudo isso aconteça a partir dos sete anos.
O filho vai poder desfrutar mais da experiência”, afirma. Alguns gastos
essenciais são: escola, material escolar, uniforme, saúde, alimentação,
roupas e transporte escolar. Aparelhos eletrônicos (videogames,
celulares, tablets), viagens e cursos livres (como idiomas e esportes),
são opcionais.
DE JOVEM À VIDA ADULTA
Até os 21 anos, prepare-se para
cursos, entretenimento, autoescola e faculdade. Os gastos são mais
‘salgados’, mas o filho já começa a pensar em construir o próprio
futuro.
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